sexta-feira, 30 de julho de 2010

Mais besteiras jornalísticas...



É impressionante o grau de estupidez dos nossos jornalistas.
Lamentavelmente a classe sofre do sucateamento tradicional de todas as profissões no mundo ocidental. Jovens boçais e arrogantes com seus diplominhas baratos atulhando todos os postos de trabalho.

Bem, isso é outra discussão.

A matéria diz do perigo hacker de invasão de um caixa eletrônico. BULLSHIT!

O próprio texto segue dizendo que o palestrante comprou uma máquina usada e a fez "cuspir dinheiro diante de uma platéia estarrecida".
Bom, faço a mesma máquina cuspir dinheiro e cantar o brasileirinho, mas não significa que ela possa ser invadida pela internet por um hacker.

Inicialmente, essas máquinas são interligadas, em sua maioria, por meio de LP, ou linhas privadas. E elas são inacessíveis a qualquer "zé mané".

Depois, e mais importante, os tal hackers, em sua grande maioria são desocupados que buscam brechas num sistema de segurança, ou até mesmo gente completamente leiga que usa meia dúzia de programas e artifícios nada sofisticados para conseguir algo de suas vítimas.

Os meios nada sofisticados e as tal brechas na segurança são bem menos interessantes do que os filmes como Swordfish, Missão Impossível etc — que são uma verdadeira palhaçada.

O sujeito te envia um e-mail pedindo alguns dados seus ou até mesmo diretamente a sua senha (o chamado fishing).
O "ladrão de galinha" coloca um troço na saída de dinheiro do caixa eletrônico.
O punguista coloca um leitor de cartão e uma filmadora no caixa eletrônico.
O moleque retardado, pra se gabar pros amiguinhos, invade um site qualquer (e isso é bico!) e altera seu conteúdo.

Outra técnica comum é o brute force.
Em determinado local que pede uma senha, usa-se um algoritmo que bombardeia esse local com um gerador de senhas. Bastante eficiente para coisas simples.
Uma medida simples é bloquear o acesso a cada n tentativas erradas.

Você já ouviu falar de alguém que retirou todo o dinheiro do Bradesco e passou pra sua conta pessoal na Suiça, mesmo que seja só pra testar a segurança?

E por aí vai.
Bem sem graça, não?

Pois é, a vida é assim, sem graça mesmo.
E essa é a graça da vida.

Se eu quiser algo inacessível, gravo num pendrive e coloco na gaveta do meu escritório em casa. É mais ou menos por aí.

Vai por mim, se a NASA teve informações roubadas, foram aquelas que ela não dava a mínima caso isso aconteça. 

Catso, como alguém paga pra alguém escrever uma notícia dessas?!
Ah sim, outro nabo que virou "chefe de seção" e subiu na vida... God, quanta mediocridade para objetivos mais desprezíveis ainda...

terça-feira, 27 de julho de 2010

E casamento, na maioria das vezes, também


Complementando meu post anterior, foi de desagradável surpresa (nunca vou deixar de ficar boquiaberto com essas coisas) que outro amigo me respondeu ao convite de fazer nossa trilha na Juréia com algo como "To cansado, aliás minha moto tá encostada. To em outra pegada".

Para esclarecer, esse digno amigo adora (me recuso a colocar no passado) fazer motocross e sempre foi autônomo.
Casou há pouco tempo e tem um filho de uns 2 ou 3 anos (sei lá, esses "joelhos" me parecem todos iguais).

Fantasiou-se de pai de família responsável.
Sua esposinha cortou seus culhões.
Primeiro arrumou um "empregão" (pois isso é seguro e coisa de homem - háháhá), sendo que a vida toda teve sua própria oficina.
Um porrezinho de vez em quando nem pensar!
Por fim, entre outras coisas, a derradeira procriação e a alcunha de "pai de família".

Não posso por toda a culpa nela claro, mas insisto na "culpa" pois ela aqui representa a área feminina, e eu sempre disse que nós machos somos uns bundões, já que as escolhas e decisões são femininas e toda a nossa formação é quase uma exclusividade delas.

Mas a controladora tem alguma "vantagem" sobre o controlado?
De maneira nenhuma.
Mais um núcleo familiar doentio está nascendo.
E mais uma amizade está com a 'data de validade vencida'.
As pessoas mudam as outras e depois não gostam do resultado. Mas o que é "certo é certo".

Ele está feliz assim?
Há, há, há... está na testa dele que não.

Já dizia o Gikovate: "São 3 os estados civis: mal casado, solteiro e bem casado."

A última categoria é mosca branca.

Em geral farejo logo o fracasso.
O casal começa achando que vivem uma simbiose. Não sei porque cargas d'água acham que "amor" é quando se fica o tempo todo grudado.
Depois um começa a cortar as asas do outro e a desrespeitar o espaço alheio.
Por fim, o grande teatro do mamãe cuida das crianças e papai sai pra trabalhar.

A receita é sempre a mesma?
Ninguém arrisca outra forma?

O primeiro amigo a se divorciar confirmou: "Quando o casamento tá uma merda você tem um filho. Quando piora você tem o segundo".

Ah! Sou casado há mais de dez anos... mas a minha receita começou no namoro: "Vou pra tal bar às 22 horas e não tenho hora pra voltar. Se quiser ter a sua hora vá com o seu carro ou volte de táxi."

Não somos gêmeos siameses nem por isso deixamos de nos curtir, ter tesão e de nos preocupar mutuamente.

Se minha receita está certa eu não sei, mas a alternativa conhecida é um fracasso e uma afirmativa facilmente demonstrável.

Enfim, não deixo de ficar de luto com a perda dos meus amigos para o sistema, seja ele, corporativo ou social.

sexta-feira, 23 de julho de 2010

Morrer é game over


Tô com dor nas costelas há duas semanas.
"Capote" fazendo minha estréia no motocross. Mas foi cinematográfica: atravessando um rio cheio que estava acima de uma trilha.

Meu partner tava todo equipado: bota, colete, luva, calça adequada e moto preparada com pneu de cravo, suspensão a gás e totalmente sem parte elétrica e acessórios.
Capacete nem vou falar, é óbvio.

Fui na raça: moto original, calça jeans e tênis. 
Como diz o brother, "O Coisa é muito bruto"! rsrs
Sei lá, nunca pensei em futuro e possivelmente por isso não dou a mínima em 'inexistir'.
Nada de coragem ou idiotices de adolescente rebelde, no mais, estou meio passadinho pra isso, simplesmente não me preocupo com esses medos tolos.
Me sinto estranho por esse desapego. Já tive culpa, achei que era alguma doença.

Já fiz paraquedismo (saldo solo, tandem é pra boiola), paraglider (esse na raça, sem curso - ok, derrubei uma árvore uma vez, mas tudo bem, tô aqui), rafting, cannyoning, rapel, tracking, mergulho avançado e sei lá mais o que.

Adoro essas coisas! Me sinto vivo! Na ativa.
E estar em ambientes naturais sem montes de pessoas também sempre me agradou.

Jon Krakauer escreveu em seu "No ar rarefeito" que morte natural não existe, e que os corpos dos alpinistas encontrados ao longo do Everest eram de fato dos que tiveram uma morte natural.
Como dizem os militares: KIA (killed in action).

Opa, mas neve eu dispenso. Desconforto radical também.

Tenho medo de não poder ser independente.
Creio que esse é meu limite. 
É a hora de parar.

Nada contra a terceira (quarta ou quinta) idade. 
O Coisa, por definição, sempre foi duro por fora e mole por dentro,  então, levantar pros mais velhos no ônibus, atravessar velhinhas na rua e tudo mais, sempre foi praxe.
Nem nada a ver com estética também. Não dou a mínima pra cabelos brancos (e esses já tenho aos montes) e rugas.
Barriga sem chance! Nunca tive e nunca terei. Sabe como é, old bodybuilder forever!

Digamos que é apenas a crença de que ir se despedaçando aos poucos não é minha praia.
Já basta o despedaçamento da alma que é inevitável.

... humpf, depois eu continuo...

segunda-feira, 19 de julho de 2010

Dadas as circustâncias


Há alguns anos estamos vivendo há possibilidade de alterar nosso próprio destino genético, mesmo que ainda de forma sutil.

Em poucas décadas, ou talvez anos, estaremos aptos a alterar nossa curva evolutiva, modificando as capacidades de nossos filhos (os seus, eu tô fora!).
Como aconteceu com a cirurgia plástica, imagine uma geração de pessoas "pasteurizadas", "normalizadas", supostamente, melhoradas.

E o pior, a genética como forma de segregação.
Pessoas com capacicades físicas melhoradas, mais memória e sei lá mais o que, separadas pelo alcance enconômico de quem pode bancar tais modificações.

Quer queiram ou não, certas capacidades de "hardware" são inquestionáveis e poderão ser modificadas em futuro próximo.

Apenas não creio que isso seja necessariamente bom, e pelo contrário, me parece assustadoramente ruim.

Hoje é fácil encontrar GH contrabandeado, e muitos pais - não só os fisiculturistas - optam por essa forma de controlar a altura dos seus filhos. Se a biotecnologia for simplesmente proibida, adivinhem que espécie de contrabando teremos.

Acho que não estamos preparados culturalmente para tais poderes.
Não conseguimos nem sequer viver em grupo.

Os metamateriais podem ser outra coisa "estranha".
Atualmente se consegue curvar certas frequências de luz, ou seja, quando essa onda eletromagnética for "obstruida" por esse material, ela retorna à sua forma original após ultrapassá-lo, ou seja, como se nada a tivesse obstruido. Se essas ondas estivessem dentro do espectro visível, o que estivesse "vestindo" esse material seria invisível.

Essas possibilidades mexem com nossa moral, e põe em evidência qual o percentual de nós é genética, qual é cultura e qual é bioquímica.

Toda esse "sopa" do que sou "eu", não é muito bem definida, de qualquer modo, nem muito importante se os resultados são pavorosos.
Eu creio que somos como uma cebola, cheios de camadas com complexas interações e muitas vezes inacessíveis a nós mesmos.

Veja o computador que você usa.
A cada "boot" um nascimento.
Ele vem com uma carga "genética" pré-programada (o instruction set do processador), que ao ser ligado, vai buscar algumas informações na "primeira infância" (a BIOS), sua segunda camada. A seguir ele busca a terceira camada na sua "educação formal inicial" (as primeiras camadas do sistema operacional no HD) algumas formas de entender outras coisas por si mesmo.
A seguir, mais camadas são sucessivamente sobrepostas conforme o sistema operacional em questão e os demais softwares.

Não sou reducionista a ponto de achar que "evoluímos" da mesma forma, apenas acho um modo levemente análogo de tentar entender essa "sopa de eu".

Talvez a diferença entre nossa conciência e a dos sistemas lineares seja que nossas camadas são interligadas de multiplas formas, com dimensões dinâmicas no decorrer da vida, algumas escondidas, criadas por nós mesmos.
O inconsciente psicanálítico talvez apenas tenha uma deficiência linguística da palavra, já que ele faz parte desse "eu", mesmo que algumas vezes deliberadamente ocultado sobre algumas outras camadas.

Enfim, essas "maravilhas" modernas não resolverão alguns "probleminhas" de convívio que temos, e creio que até piorará nossa precária dinâmica social.
 
Um pouco assustador. 

quinta-feira, 15 de julho de 2010

Intelectuais, a elite do nada

Li um texto de um linguista e poeta (que eu supus ser o mesmo) chamado Carlos Vogt que me fez pensar na esquisitice desse mundo intelectual ultrapassado.

Ele crítica a ciência, em especial a Física moderna, que chama de física cântica (um trocadilho bem triste para um poeta).

Começa pela bobagem de dizer que a física nasceu com Aristóteles, com a obra Metafísica.
Se fosse o caso, poderíamos dizer que nasceu 3 séculos antes (de Aristóteles), na China, onde se estudava a "mecânica, matéria e suas interações".

E continuando as suas citações, bem fundadas eu admito, acaba na tradicional e vulgar análise que a física moderna quer "unificar tudo apesar da dualidade com que foi exposta pelas teorias quânticas e pela relatividade especial".

No meio do caminho cita Einsten e Infeld em The Evolution of Physics num provável equívoco de interpretação e uma demonstração clara de ignorância do assunto, onde a importância dos "campos" são superiores ao da matéria que a circunda.
Rebaixa ainda Capra e Hawkins a físicos que misturam mito e misticismo.

Capra não recorre ao misticismo nem ao mito, mas abre espaço para que se possa discutir a ciência de maneira não Iluminista, sabendo muito bem não misturar alhos com bugalhos.
O "campo" a que se refere (junto com outros físicos modernos) é a interação, o que assumidamente é tido como uma mudança de paradigma social e não só da ciência.

Se a ciência (como ainda a interpretam) é cartesiana, é enquadrada no mecanicismo cartesiano, e se ela discute filosofia oriental, por exemplo, é acusada de apelar ao misticismo.
Me parece faltar conhecimento (e divulgação, já que o jornalismo científico é uma catástrofe) sobre por onde andam as Novas Ciências da Vida (Capra) e até mesmo a matemática.

A própria matemática tem mecanismos de "solução" não determinista, ou não Euclidianos.

Também é importante dizer que não é unanimidade na física moderna a tal teoria da unificação e muito menos, de crer que uma teoria possa ser estendida a "todo o universo".

O texto é antigo (2001 - nem sei como fui achar) e bom, como é de se esperar em um expert em língua e literatura, mas se encaixa na minha idéia de como esse "regionalismo acadêmico" faz mal ao conhecimento (de fato a porcaria de site deixou de ser atualizado em 2005).

Mas texto ou interpretações à parte, desde o início do colegial acho patético esse maniqueísmo de exatas ou humanas, corpo e mente, etc. 
Esse "regionalismo" em que um "acadêmico" se afoga quando acha que a sua área é maravilhosa, vital, mais "complicada que outra" e é a origem de todo o conhecimento da humanidade.

Esses intelectuais sofrem do mesmo preconceito e dissociação que criticam no que acham que é a física moderna.

Com linguagem diferente, já ouvi o mesmo discurso de como a linguística é a coisa mais importante do mundo, ou a filosofia, ou o direito, a engenharia, etc, etc, etc.
Discursos desgastados, enfadonhos e improdutivos.

Claro, todos muito bem escritos, repletos de citações e parágrafos poéticos e lúdicos.
Desfilam toda a cultura acumulada... e não criadora.

Robert Johnson, um bluseiro fantástico do início do século XX, fazia uma música maravilhosa. Para ele era fácil, mas para os "outros", ele fez  acordo com o diabo para para tocar tão bem o violão.

Sou um "nativo de exatas", poderia desfilar a bobagem de como a matemática é fantástica ou o quanto posso usar a física para explicar a vibração de uma corda, mas nunca poderia ter a pretensão de explicar como alguém, principalmente um lavrador ignorante, semi-letrado e que não sabia nada de teoria musical, transmite tanto conhecimento e emoção.

Estou muito longe de ser um acadêmico ou intelectual, nem faço apologia à ignorância, mas não posso crer que tratar qualquer forma de conhecimento como algo que se possa acumular e segmentar seja algo muito "inteligente".

Já citei, mas adoro: 
 "Por mais que estudes não saberás nada se não atuas.
Um asno carregado de livros não é um intelectual nem um homem sábio.
Vazio de essência, que conhecimento tem, leve sobre si livros ou lenha." - Saad Shafi (nunca consegui confirmar a autoria)





sexta-feira, 9 de julho de 2010

Ok, a técnica

Há! Pensam que os "eletrônicos"* não gostam de futebol?
Pensam que só eu queria aniquilar o cara que inventou a vuvuzela?

Ok, eles não foram tão longe, mas tentaram amenizar o problema.

Diretamente do site da National Instruments:

World Cup 2010 - Filtering the Annoying Vuvuzela Noise

VERSION 1 
Created on: Jun 17, 2010 6:33 AM by Ferraro - Last Modified:  Jun 17, 2010 6:44 AM by Ferraro

Hey Guys- One of our LabVIEW product Managers, Simon Hogg put the following together.

The links didn't all copy over, but attched is the source code - fun stuff.  You can email Simon.Hogg@ni.com if you have any commnets or suggestions.

Hope all is well! Our next NOCLUG meeting is July 21st 2010.  See you then

Mr. Lawton, you'll enjoy the Mac files ;-)
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Now we're one week into the World Cup and two things have really annoyed me:

  1. England's lack of a reliable goalkeeper (I'm an Englishman living in Texas)
  2. The constant drone of the vuvuzelas (those noisy trumpets that sound like a million angry bees)

I'm a terrible goalkeeper and I wasn't named in the English squad so I can't help with #1 on my list but I am an engineer and I can do something about #2.

Other websites have covered various attempts at filtering the vuvuzela noise but none have offered much in the way of a solution you can use at home.  My solution is an application (written with LabVIEW) that detects the fundamental frequency of the vuvuzelas (around 233Hz) and applies a notch filter to it and as many harmonics as you specify.  The end result is a significant reduction in the annoying background noise without too much interruption of the commentary and other audio.
Vuvuzela Filter.png

Hardware-wise you will need to insert your computer in the audio signal flow.  If your TV has an audio output, connect that to your sound card's line in, then connect your sound card output to however you want to listen to the game (speakers or headphones).  I stream the game to an old PC I have in the corner of my cube and I have the audio output to my laptop, which applies the filter and then outputs to my headphones (don't tell my boss).

hw setup.png



Download an installer that includes both the EXE and the Run-Time Engine (for Windows).

NEW!  A Mac .dmg is also attached for those of you rocking Mac OSX.  You'll have to install the Mac Run-Time Engine if you don't already have it (I haven't had a chance to test this build but it should work).

You can download the source code and edit it with LabVIEW 2009 (get an evaluation copy here).  If you already have the free LabVIEW 2009 Run-Time Engine you can download just the attached zip file which contains the exe.
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* (The Thing Dictionary) "Eletrônicos": denonimação da era da 'eletrônica lascada' onde ainda existiam artesãos criativos na manipulação de elétrons e bytes.

sábado, 3 de julho de 2010

A um amigo - um soco e um afago


Meu caro amigo espírita (pasme, tenho todo tipo de amigo - e eles me suportam!) você me perguntou se não era mais difícil suportar as dificuldades sendo ateu.

Achei muito interessante a sua pergunta.
Na verdade te acho um "ateu preguiçoso". Você já sabe que sou meio "direto", apesar de evitar pontos afetivos potencialmente dolorosos. Dr. House não é nada original, aliás nem eu.
   
Pedi para que refletisse se de fato acredita em Deus e re-encarnação ou se era apenas uma covardia e um suporte a dor e a frustração.
Tú tens uns 10 anos a menos, um "quase-típico" classe média. Previsível o tipo de educação que teve, e daí a concluir algum grau de ignorância emocional é fácil e óbvio.
O básico egoncentrismo antropocêntrico classe média.
   
Te sugeri Billions and Billions do Carl Sagan. Pra facilitar, apenas o capítulo "No Vale da Sombra".
Sou um admirador incondicional de Carl Sagan desde que assisti Cosmos no início da década de 80.
Foi ele quem me apresentou a astronomia e a física e sempre serei redundante e repetitivo em citar seu nome e suas obras.
   
"No Vale da Sombra" foi finalizado no hospital, em sua batalha final contra o câncer.
Quase a mesma pergunta que tú me fez, meu amigo, foi feita a ele, algo do tipo "como é encarar a morte não acreditando em vida eterna?".
   
"Aprendi muito com essas confrontações - especialmente sobre a beleza e a doce pungência da vida, sobre a preciosidade dos amigos e da família e sobre o poder transformador do amor. Na verdade, quase morrer é uma experiência tão positiva e construtora de caráter, que a recomendaria a todos - não fosse, é claro, o elemento irredutível e essencial do risco."

"Gostaria de acreditar que, ao morrer, vou viver novamente... mas por mais que deseje acreditar nisso, e apesar das antigas tradições culturais difundidas, não sei de nada que me sugira que essa afirmação não passa de wishfull thinking*." (*difícil tradução - algo como tomar o desejo por realidade).

"Durante anos mantive perto do meu espelho de barbear um cartão postal de um tal de William John Rogers em que se lia, 'Caro amigo, apenas uma linha para dizer que estou vivo e levando a vida que pedi a Deus'. No seu verso uma foto do Titanic. Sabemos que 'levando a vida que pedi a Deus' pode ser o mais temporário e ilusório dos estados."

Numa parte cita Einstein: "Não consigo conceber um deus que recompense e puna as suas criaturas, nem que tenha uma vontade do tipo que experimentamos em nós mesmos. Não consigo, nem quero conceber um indivíduo que sobreviva à sua morte física; que as almas fracas, por medo ou egoísmo absurdo, alimentem esses pensamentos. Eu me satisfaço com o mistério da eternidade da vida e com o vislumbre da maravilhosa estrutura do mundo real, junto com o esforço diligente de compreender uma parte, por menor que seja, da Razão que se manifesta na natureza."

Mesmo com suas crenças um tanto discrepantes das da maioria, houve vigília em vários pontos do mundo por sua recuperação.
Cartas e telefonemas de sacerdotes hindus, cristãos, judeus, etc, pois basicamente, Sagan era bom. Bom no sentido que o tamanho da palavra não exprime. Do tipo que se preocupa de fato com as mulheres que sofrem violência ou dos americanos que não tem acesso ao sistema de saúde. Que democratiza o conhecimento e usa sua influência para o bem comum.
Sua esposa Ann Druyan escreveu o epílogo, numa breve recuperação, o "veranico" (a trégua do corpo antes da luta final), escreveu:
 
"É uma vigília de morte - me disse Carl calmamente. 'Não!' protestei. Com uma mistura de fino bom humor e ceticismo, mas, como sempre, sem nenhum vestígio de autopiedade, disse ironicamente 'bem, vamos ver quem tem razão desta vez'."

"Ao contrário das fantasias dos fundamentalistas, não houve conversão no leito de morte, nenhum refúgio de última hora numa visão consoladora do céu ou de uma vida após a morte. Para Carl, o que mais importava era a verdade, e não apenas aquilo que poderia fazer com que nos sentíssemos melhor..."

"Estou cercada por pacotes do correio, cartas de pessoas de todo o planeta que lamentam a perda de Carl. Muitos lhe dão o crédito por tê-los despertado. Alguns dizem que o exemplo de Carl os inspirou a trabalhar pela ciência e pela razão contras as forças da superstição e do fundamentalismo. Esses pensamentos me consolam e me resgatam de minha dor. Permitem que eu sinta, sem recorrer ao sobrenatural, que Carl vive." - Ann Druyan / 1997.

Por tanto meu amigo, a péssima educação "à prova de frustração" é lenha para crendices.
Mas a Ciência não é nada fria e desalmada, e a Razão tem seus providenciais momentos de cegueira, afinal sou seu amigo.