quarta-feira, 1 de setembro de 2010

O fim é só o fim


Vi uma reportagem sobre ortotanásia, que seria algo como deixar a morte natural ocorrer, sem interferência médica e sofrimento.
Alguns hospitais estão até criando leitos para isso.

Sem sofrimento é uma afirmação ridícula, já que não se pode afirmar que isso ocorra de nenhuma forma.

Apesar de ateu e absolutamente cético, ainda espero algum amigo ou parente voltar (ou enviar um email, SMS etc.) pra me falar se não houve sofrimento e se o paraíso é a chateação que dizem. :o)

Ainda na questão do sofrimento, quem passa por ele (ou passa com ele) são os que "ficam" e não os que morrem, mas os médicos estão pouco interessados no bem estar do paciente, imaginem dos parentes do paciente, e nem sequer têm alguma competência nesse quesito.

Acho que o problema maior não é a morte natural e sim a "vida natural".
Nada de babaquices ecochatas e comidas horríveis de vegetarianos com pele cinza, mas uma vida mais aprazível, com menos preocupações e mais interações comunitárias afetivas.
Mas de novo, coisas que nenhum médico faz ou recomenda.

Coisas como a avó da minha esposa, que com sua alimentação adequada de 0% verduras e frutas e 100% salame e ovo (e não é força de expressão!!!) e nada de atividades físicas, tem 92 anos, magra e nenhuma patologia.
Mas com um pequeno dado que não aparece nos exames: nunca trabalhou e nunca teve preocupações significativas.
Claro, os médicos tecnicistas dirão que isso é coincidência e não é uma amostragem científica significativa.

Mas essa reportagem me lembrou da eutanásia e do suícidio, temas polêmicos (polêmicos = assuntos onde religião e preconceito tornam as coisas nebulosas) e que vira e mexe voltam à tona sem maiores aprofundamentos em ambas.

Da primeira, sim, sou totalmente a favor. Ponto.

Me concentrei na segunda.
A que seria estranho dizer que sou a favor, mas que posso dizer que deveria ser um direito do indivíduo poder escolher quando não quer "brincar" mais.

Na única coisa que de fato é nossa, não nos é permitido arbitrar sobre ela, o próprio corpo ou vida.
Coisa semelhante acontece com o aborto.

Sempre que se fala em suicídio, pensa-se em depressão ou outra patologia.
Não acho que seja em todos os casos.

Acho justo, digno e corajoso a pessoa que tem clareza de escolher o momento de parar.
É uma forma "natural" de morrer, ou seja, por escolha própria, muito mais do que ir se desmanchando a ponto de não se reconhecer mais e nem ter a dignidade da autonomia.

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