terça-feira, 23 de agosto de 2011

Capte, antena digital. Agora conta outra.

Mais uma pérola encontrada na TV aberta: a antena digital.

O CONAR perde seu tempo entrando com uma representação contra aquela propaganda do "Ponei Maldito", que apesar de ridícula, só tem o tradicional pouco caso à limitada intelectualidade dos consumidores fiéis de automóveis, mas deixa passar bateladas de outras mentiras.

A alegação deles foi ainda mais ridícula: a de que o comercial afrontava contra ícones infantis. Como diria Jack Palance: "acredite se quiser".

Mas volto a pérola da antena digital.



Primeiro NÃO EXISTE ANTENA DIGITAL.

Desde Heinrich Hertz as antenas praticamente não mudaram muito.
Sua função continua a mesma: fazer com que ondas eletromagnéticas se "transformem" em energia elétrica.

Existem vários modelos cujas funções, fundamentalmente, são melhorar seu alcance e/ou direcionamento e seu tamanho é determinado pelo ganho e pela frequência que se deseja captar.

As antenas VHF (do inglês Very High Frequency) comuns (as "espinhas de peixe" tecnicamente chamadas de log-periódicas) são feitas para captar um comprimento de onda médio dos nossos canais abertos e com um lóbulo principal (o "oval" ou "campo" onde elas são efetivas em relação ao emissor de sinal) médio de até 30Km.

Como as antenas são equipamentos passivos, isto é, sem circuitos ativos (dotados de alimentação, transistores, etc),  o ganho é relativo a uma antena padrão não direcional (onde seu lóbulo é um círculo) e quanto maior o seu alcance mais estreito é seu lóbulo.

As antenas de UHF (do inglês Ultra High Frequency) são fundamentalmente a mesma coisa, apenas a faixa de frequência é diferente (daí o tamanho reduzido destas) e existem diferenças de propagação que não entrarei em detalhes.

O fato de uma antena ser conectada a um amplificador não a torna necessariamente melhor se o básico (a captação do sinal) não for adequada, isso porque se os ruídos forem muito fortes eles serão amplificados pelo amplificador, que mesmo dotado de filtros, não barrará ruídos dentro de sua banda de operação.

A TV digital usa o UHF da mesma maneira que a TV convencional, e portanto, segue o mesmo princípio do eletromagnetismo elementar de séculos, o que muda é a codificação do sinal antes de sua modulação.

Resumindo, uma boa antena UHF para TV convencional (operando em UHF logicamente) serve (provavelmente de maneira até mais eficiente) para a TV digital, e com certeza, o desempenho dessa "antena digital" em VHF é bem inferior que as antenas "convencionais".

O CONAR não se manifesta sobre essa enganação.
Mas de fato, criar necessidades que você não tem é o paradigma da publicidade e do nosso sistema monetário mercantil.

quinta-feira, 18 de agosto de 2011

3D?! Aonde?

Assisti um programa que discutia a tecnologia 3D.
Comentavam animados sobre o "3D falso" com aqueles óculos com lentes coloridas e o "verdadeiro" com as TV's 3D e os óculos sincronizados.

Além das apresentadoras participavam um desenvolvedor de software (um companheiro de profissão) e um especialista em TI.

Não sei até que ponto essa apologia ao 3D é uma empolgação infantil (o programador parecia bem novo) ou uma balela de marketing (o cara de TI tinha aquela cara de executivo que adora 'aplicar').

A "verdadeira" tecnologia em 3D não é verdadeira nem de longe.
Alternando os quadros em exibição (tanto na TV quanto no cinema) e sincronizando-os com os óculos que os fazem chegar alternadamente ao olho esquerdo e direito, tem-se uma pífia sensação de dimensão.

O "verdadeiro" 3D, de fato, possibilitaria que o espectador, ao se deslocar mínimos centímetros para à direita por exemplo, visualiza-se o objeto sob novo ângulo/perspectiva.

Mesmo o "verdadeiro" 3D do mundo real é uma interpretação do cérebro aos estímulos luminosos recebidos e portanto, sendo uma criação, já não podemos chamá-lo de "verdadeiro". Ok, isso é filosofia, deixamos pra lá.

Aliás, antes assistir a "Freud além da alma" em P&B do que o patético "Avatar" que com todas os seus mirabolantes efeitos é um lixo de filme. Previsível, piegas, repleto de chavões de quinta e canastrões.

Tecnologia 2,1D seria bem mais adequado.

Está pronto para comprar mais bujigangas pra sustentar esses criadores de necessidades "verdadeiras"?




domingo, 14 de agosto de 2011

A medicina mata mais do que cura?

O médico Vernon Coleman diz que os hospitais mais matam do que curam e que é preciso ser muito saudável para sobreviver a um deles
Por Sérgio Gwercman

Um selo colado na testa advertindo sobre os perigos que podem causar à saúde. Se dependesse do inglês Vernon Coleman, esse seria o uniforme ideal dos médicos. Dono de um diploma em medicina e um doutorado em ciências, Coleman abandonou a carreira após dez anos de trabalho para ganhar a vida escrevendo livros com títulos sugestivos do tipo Como Impedir o seu Médico de o Matar. 

Autor de 95 livros, o inglês é um auto-intitulado defensor dos direitos dos pacientes. Em seus textos, publicados nos principais jornais do Reino Unido, costuma atacar a indústria farmacêutica - para ele, a grande financiadora da decadência - e, principalmente, os médicos que recusam tratamentos que excluam a utilização de remédios e cirurgias. Dono de opiniões polêmicas, Coleman ainda afirma que 90% das doenças poderiam ser curadas sem a ajuda de qualquer droga e que quanto mais a tecnologia se desenvolve, pior fica a qualidade dos diagnósticos.

Como um médico deve se comportar para oferecer o melhor tratamento possível a seu paciente?
Os médicos deveriam ver seus pacientes como membros da família. Infelizmente, isso não acontece. Eles olham os pacientes e pensam o quão rápido podem se livrar deles, ou como fazer mais dinheiro com aquele caso. Prescrevem remédios desnecessários e fazem cirurgias dispensáveis. Ao lado do câncer e dos problemas de coração, os médicos estão entre os três maiores causadores de mortes atualmente. Os pacientes deveriam aprender a ser céticos com essa profissão. E os governos, obrigá-los a usar um selo na testa dizendo "Atenção: este médico pode fazer mal para sua saúde".


Qual a instrução que pacientes recebem sobre os riscos dos tratamentos?
A maior parte das pessoas desconhece a existência de efeitos colaterais. E grande parte dos médicos não conhece os problemas que os remédios podem causar. Desde os anos 70 eu venho defendendo a introdução de um sistema internacional de monitoramento de medicamentos, para que os médicos sejam informados quando seus companheiros de outros países detectarem problemas. Espantosamente, esse sistema não existe. Se você imagina que, quando uma droga é retirada do mercado em um país, outros tomam ações parecidas, está errado. Um remédio que foi proibido nos Estados Unidos e na França demorou mais de cinco anos para sair de circulação no Reino Unido. Somente quando os pacientes souberem do lado ruim dos remédios é que poderão tomar decisões racionais sobre utilizá-los ou não em seus tratamentos.


Você considera que os médicos são bem informados a respeito dos remédios que receitam a seus pacientes?
A maior parte das informações que eles recebem vem da companhia que vende o produto, que obviamente está interessada em promover virtudes e esconder defeitos. Como resultado dessa ignorância, quatro de cada dez pacientes que recebem uma receita sofrem efeitos colaterais sensíveis, severos ou até letais. Creio que uma das principais razões para a epidemia internacional de doenças induzidas por remédios é a ganância das grandes empresas farmacêuticas. Elas fazem fortunas fabricando e vendendo remédios, com margens de lucro que deixam a indústria bélica internacional parecendo caridade de igreja.


E o que os pacientes deveriam fazer? Enfrentar doenças sem tomar remédios?
É perfeitamente possível vencer problemas de saúde sem utilizar remédios. Cerca de 90% das doenças melhoram sem tratamento, apenas por meio do processo natural de autocura do corpo. Problemas no coração podem ser tratados (não apenas prevenidos) com uma combinação de dieta, exercícios e controle do estresse. São técnicas que precisam do acompanhamento de um médico. Mas não de remédios.


Receber remédios não é o que os pacientes querem quando vão ao médico?
É verdade que muitos pacientes esperam receber medicamentos. Isso acontece porque eles têm falsas idéias sobre a eficiência e a segurança das drogas. É muito mais fácil terminar uma consulta entregando uma receita, mas isso não quer dizer que é a coisa certa a ser feita. Os médicos deveriam educar os pacientes e prescrever medicamentos apenas quando eles são essenciais, úteis e capazes de fazer mais bem do que mal.


Que problemas os remédios causam?
Sonolência, enjôos, dores de cabeça, problemas de pele, indigestão, confusão, alucinações, tremores, desmaios, depressão, chiados no ouvido e disfunções sexuais como frigidez e impotência.


Em um artigo, você cita três greves de médicos (em Israel, em 1973, e na Colômbia e em Los Angeles, em 1976) e diz que elas causaram redução na taxa de mortalidade. Como a ausência de médicos pode diminuir o risco à vida?
Hospitais não são bons lugares para os pacientes. É preciso estar muito saudável para sobreviver a um deles. Se os médicos não matarem o doente com remédios e cirurgias desnecessárias, uma infecção o fará. Sempre que os médicos entram em greve as taxas de mortalidade caem. Isso diz tudo.


Muitas pessoas optam por terapias alternativas. Esse é um bom caminho?
Em diversas partes do mundo, cada vez mais gente procura práticas alternativas em vez de médicos ortodoxos. De certa maneira, isso quer dizer que a medicina alternativa está se tornando a nova ortodoxia. O problema é que, por causa da recusa das autoridades em cooperar com essas técnicas, muitas vezes é possível trabalhar como terapeuta complementar sem ter o treinamento adequado. Medicina alternativa não é necessariamente melhor ou pior que a medicina ortodoxa. O melhor remédio é aquele que funciona para o paciente.


Em um de seus livros, você afirma que a tecnologia piorou a qualidade dos diagnósticos. A lógica não diz que deveria ter acontecido o contrário?
Testes são freqüentemente incorretos, mas os médicos aprenderam a acreditar nas máquinas. Quando eu era um jovem doutor, na década de 70, os médicos mais velhos apostavam na própria intuição. Conheci alguns que não sabiam nada sobre exames laboratoriais ou aparelhos de raio X e mesmo assim faziam diagnósticos perfeitos. Hoje, os médicos se baseiam em máquinas e testes sofisticados e cometem muito mais erros que antigamente.


Você faz ferrenha oposição aos testes médicos realizados com animais em laboratórios. De que outra maneira novas drogas poderiam ser desenvolvidas?
Faz muito mais sentido testar novas drogas em pedaços de tecidos humanos que num rato. Os resultados são mais confiáveis. Mas a indústria não gosta desses testes porque muitos medicamentos potencialmente perigosos para o homem seriam jogados fora e nunca poderiam ser comercializados. Qual o sentido de testar em animais? Existe uma lista de produtos que causam câncer nos bichos, mas são vendidos normalmente para o uso humano. Só as empresas farmacêuticas ganham com um sistema como esse.


O que você faz para cuidar da saúde?
Eu raramente tomo remédios. Para me manter saudável, evito comer carne, não fumo, tento não ficar acima do peso e faço exercícios físicos leves. Para proteger minha pressão, desligo a televisão quando médicos aparecem na tela apresentando uma nova e maravilhosa droga contra depressão, câncer ou artrite que tem cura garantida, é absolutamente segura e não tem efeitos colaterais.

domingo, 7 de agosto de 2011

segunda-feira, 1 de agosto de 2011

Amy e o castigo do Deus Mercado Financeiro

Com o desfecho previsível da vida da junkie Amy Winehouse, novamente são disparados os incontáveis documentários, notícias e demais superficialidades sobre as drogas.
As ilícitas. Vou "descontar" as lícitas.

Tratamentos, terapias, repressão, etc.
Nada de discussão sobre as causas. As reais e não a balela da criancinha sem carinho e blá, blá, blá...

Num mundo onde a religião do capitalismo e seu grande Deus, o Mercado Financeiro, ditam que o "sucesso" e a "vitória" estão no acúmulo, e sem a miséria e o abismo social não existiria esse sistema monetário/mercantil, natural que se criem os "perdedores",  e estes sejam inferiorizados e pressionados, logo, criar uns 'junkiesinhos' aqui e ali faz parte do processo.

O efeito colateral desse "sucesso", que dentre outras coisas destacam-se a prisão das dívidas e do trabalho, não é muito difundido por motivos óbvios. Boa divisão para a manutenção do acúmulo (não menos doentio) de pouquíssimos: os escravos e os "sem sucesso".

Bom, sem mais profundidade, me veio a mente o documentário amador de Chris Bell, "Bigger, Stroger and Faster".
Sem querer, Chris debate a versão esportiva do sistema monetário/mercantil (digo "versão", mas de fato o esporte hoje está intimamente ligado a esse sistema) do 'vencer a qualquer custo' e a hipocrisia do seu meio.

As drogas no caso são os esteróides, estimulantes e outros fármacos.

São apresentadas entrevistas com atletas, médicos e cientistas, e principalmente, desvenda-se parcialmente como se criam super-heróis hipócritas e uma inevitável legião de "perdedores".

Também vale pela desistigmatização destas drogas, que segundo pesquisas não consta na lista das 100 que mais causam efeitos colaterais e muito menos das 10 que mais matam. 

Ah, apenas para constar o terrorismo e o despreparo tradicional da mídia, há pouco tempo aqui no Brasil apareceram vários casos de moleques que morreram por uso de "anabolizantes". Na verdade eram vitaminas.
O ADE (vitamina A, D e E em base oleosa para uso veterinário) é absurdamente usado por alguns desesperados ignorantes, e associado ao seu baixo preço, a desgraça está feita.
Vitaminas podem ser tóxicas. Principalmente as lipossolúveis.





Se apenas há glória aos "vencedores", porque se recrimina aqueles que fazem qualquer negócio para obter a vitória?
Hipocrisia?
Chris fecha o documentário apenas dizendo que os esteróides são apenas um efeito colateral da sociedade americana.

O documentário é de 2008 se eu não me engano, mas me veio a cabeça esta semana.