sábado, 22 de outubro de 2011

Vida sem dor

Que maravilha, sem dores articulares!
Havia esquecido como é isso.

Não constuma-se sair impune de vinte e tantos anos de marombagem. Algumas interrupções no início da juventude imatura, mas pelo menos uns 12 anos de treinos pesados, algo como uns 210Kg de agachamento livre e 180 Kg de supino, e por aí vai. Ou ia.
Considerando um não atleta, sem grandes suplementações alimentares e intervenções farmacêuticas, até que foi bem satisfatório.

Passando dos 40 a coisa já complica um pouco.
A intensidade deve ser menor e o gerenciamento das malditas dores cuidadoso.
Perde-se em volume, fica mais difícil manter o percentual de gordura baixo e tudo estala. Como a piada do "cric", "croc", agora não estou velho, estou crocante.

Cansado das bobagens dos ortopedistas tecnicistas, ou seja, o tradicional raio X (amazing!), ressonância, anti-inflamatório e fisioterapia, e claro, o indefectível discurso do 'saia da musculação', fiz a minha receita: 3 dias de Dexa-citoneurin, 5 dias de Rubranova e 10 dias de diclofenaco de potássio.

Os alongamentos já não dispenso há uns 3 ou 4 anos.

Sensacional!
Zerado. Praticamente um bebê macrobiótico.

Ok, auto-medicação é errado e blá, blá, blá...

Mas a quase inexistência de médicos também é uma barbaridade.
Detalhe importante: um sujeito que mal te ouve, mal te olha, quase ou nunca te encosta, pede n exames e de acordo com esse resultado lhe indica alguns fármacos não é um médico, mas no máximo um "técnico de corpo" com um fluxograma decorado.

Um bom software o substitui com vantagens.

Aquele médico que te ouve, olha na sua cara, pergunta da sua vida, te apalpa e para complementar solicita alguns exames são raros, muito raros.
Suas indicações ainda levam em conta seus humores pessoais, seus hábitos familiares, pressões profissionais, gostos e essa vida porcaria das grandes metrópoles. Não tem preconceitos com tratamentos alternativos e muito menos com a psicologia.

Ou não acho esses caras, ou são os 'olhos da cara'.
Técnico por técnico eu sou um, a lógica é a mesma.
Duvido que eu erre muito mais que um técnico 'pai de santo', e no fim, quem quer viver para sempre.

quarta-feira, 12 de outubro de 2011

Em terra de surdo quem tem um ouvido não ouve.

Ninguém ouve. 
Apesar de não ser sábio, escrevo já generalizando.



As pessoas falam demais e ouvem pouco ou nada.
Quando perguntam sua opinião raramente te ouvem, é apenas pró-forma. Geralmente te interrompem ou cospem as suas verdades. Se quisessem ouvir apenas o fariam.

Não sei se é a época ou é inerente ao ser humano - apesar de não ser totalmente um essencialista.
Sempre fui um bom ouvinte, muito porque não gosto de falar e um pouco para 'errar' menos.

Mas ando me cansando desses 'discursadores compulsivos', quero silêncio. Já que não serei ouvido, que pelo menos não seja depósito de bobagens pretensiosas e possa ouvir a mim mesmo com serenidade.

Ando descartando com certa facilidade os amigos.
Sempre os fiz e os mantive com facilidade. Saber ouvir, não tocar muito em feridas alheias, ser confiável e estar aberto a diferenças. Diria que a receita é fácil.
Apesar de portador de déficit de atenção sempre me esforcei para ouvir os outros, ou pelo menos, fazer de conta em respeito ao tagarela.

Mas essa sociedade competitiva parece que contamina as amizades. Óbvio, não poderia se esperar nada diferente, elas emergiram nesse contexto histórico.
Mas até certa idade tinha uma utopia a respeito do assunto, bem diferente do status quo atual.

Dizem que o homem é um ser sociável, muito se escreveu sobre o assunto.
Não sei se existem evidências.
Para Freud era a origem de todas as neuroses.
Se agrupar para suprir as fragilidades pode ser apenas uma conseqüência (necessidade) evolutiva.
A comunicação não é diferente.

Um forma alternativa mais rápida do que passar informações através dos genes.
Nada mais do que isso, quanto mais "sofisticada" a comunicação, mais rapidamente "passo as informações para frente".

O resultado do darwinismo associado a uma sociedade extremamente competitiva talvez desencadeie essa 'surdez' coletiva: preciso 'passar a minha verdade' pra frente, pois somente ela importa.