segunda-feira, 31 de dezembro de 2012

Extravase se sentir necessidade

Dia 31 de dezembro, um dia como outro qualquer transformado em um transbordamento de felicidade histérica.
Fogos, promessas, brindes, gritaria e aquele desespero por ser feliz.

As pessoas no geral tem um ano tão abominável e cheio de frustrações que querem se livrar dele rapidamente e esperar pelo novo ano, como se o novo fosse de fato novo.

Uma eterna repetição de uma vida medíocre de trabalho e compensação (chame de consumo se quiser). Uma rotina de parecer o que não é e corresponder às expectativas dos outros.
O infinito processo da não vida, na esperança de que outro ano ou até mesmo outra vida compense a atual.

Gritem bastante, gargalhem alto, aumentem o som do player, soltem fogos e infernizem a vida dos que desejam apenas a serenidade do dia a dia que vocês não tem, mas por favor retornem logo para banalidade de suas vidas rápido e deixem a minha cidade assim que seus trabalhos desprezíveis o requisitem, já com um belo engarrafamento pra mostrar que nada mudou.



sábado, 1 de dezembro de 2012

Um dia de 48 horas

Antes de mais nada devo avisar que essa é uma história real, sem teatralidades ou exageros, mas sim, é digna de um roteiro do Mr Hullot.

Nesta quinta-feira dia 29/11 fiz minha habitual penitência de subir a serra e ir pra sampa (ABC, mas considero a mesma porcaria).
Sai contrariado e infeliz da minha bela casa, na minha bela e tranquila cidade litorânea para o inferno, com o objetivo de cumprir uma pequena obrigação de trabalho.

Minha 'patroinha' foi junto, pois depois da visita ao meu cliente iríamos visitar sua mãe, ou seja, minha sogra. Os problemas já começariam aí.

Já no ap chique (impossível um ap ser considerado um lar, pois mesmo com 1000m² é sempre um gaveteiro de gente tamanho família) da minha sogra, a 'patroinha' chega trazendo uma amiga. Mais tarde eu saberia que ela faria o favor de levá-la pra casa.
Um pequeno adendo: "ela levaria" significa "eu levaria", uma espécie de favor terceirizado. Outro detalhe é que minha sogra mora no Itaim, o que facilmente - dentro do que se considera fácil em São Paulo - me faria pegar a rodovia dos Imigrantes e voltar alegremente para casa, mas sua amiga mora em Santo André completamente fora do caminho de retorno.

Bem, após momentos tensos entre mãe, filha e irmã - minha esposa desequilibrada e sua família pior ainda  (meu próximo casamento se houver será com um homem) - resolvemos pedir uma pizza, o tradicional cachimbo de paz paulistano.
Sendo minha sogra moradora dos Jardins, Itaim, etc, sabemos das porcarias elitistas, fúteis e meramente de cunho simbólico (status) dos quais esse povo gosta, mas como estávamos na casa dela pagaríamos a conta como gentileza.

Resultado: uma pizza de muzarela e uma de calabresa - sim desses simples mesmo - por módicos CENTO E TRINTA E SEIS REAIS. Não, você não leu errado: R$ 136,00.
O local da extorsão foi a pizzaria Camelô (trocadilho - é Camelo).

Já havia ido lá antes e sei que a pizza é um lixo (digna dos bons classe média paulistanos), pequena e parecendo uma bolacha água e sal com queijo (pouco). Fora a frescura do local.

Já refeito do susto graças a um espumante Brut fornecido pela sogra resolvemos 'vazar'.
Vamos destino à Santo André entregar a mala, digo, a amiga da patroa.
Apesar dos km adicionais rodados essa parte transcorreu até sem problemas já que resolvi não entrar na casa dela.

Na volta, na altura de São Vicente, quando minha esposa discursava que eu deveria trocar de carro (eu odeio trocar de carro, sei que parece estranho para a maioria, mas eu odeio todo o processo envolvido nessa coisa medíocre e por fim, eu não ligo a mínima pra este objeto de fetiche e status da maioria dos mortais), e eu argumentava que isso era besteira porque o carro era confiável, caput, o motor apaga sem avisos maiores.

Uma hora ou mais da manhã da sexta-feira na rodovia Pe Manoel da Nóbrega eu vou ao SOS (o ponto de chamada de resgate da Ecovias) e aciono o botão.
Na placa lê-se: "Aperte o botão e aguarde".
A caixa parece um comunicador, inclusive com uma área vazada como se tivesse um alto falante, daí, o tonto que vos escreve resolve tentar falar com a máquina.

Pare de rir. Descobri depois que todo mundo faz isso.
Nada ocorre e acho que a máquina está quebrada já que ninguém "fala" comigo.
Vou até a passarela uns 500 metros a frente enquanto ligo para minha irmã apenas solicitando o telefone da Ecovias, já que não queria incomodar ninguém.

Do outro lado da pista observamos o guincho da Ecovias ao lado do carro. Saímos correndo de volta percebendo que bastava apenas acionar o botão do SOS e aguardar o resgate e não alguém falar alguma coisa.

O motorista gentilmente vai à frente nos pega e retorna de ré pela rodovia.
Ele nos leva até um posto 24 horas e diz que só pode fazer isso.
No posto havia um hotel (daqueles "dá hora") que podíamos ficar até o dia seguinte quando acionaríamos um mecânico.

Resolvo junto com um 'curioso local' (vulgo mecânico) abrir a bagaça. Nessa minha irmã já havia se colocado em trânsito rumo ao local. Peruíbe para São Vicente.
Conhecendo um pouco a coisa (carros não mudam muito desde a sua invenção, uma lata com uma coisa que explode para gerar energia cinética), descubro que é a parte elétrica o problema, uma pequena peça de R$ 18,00.

Já batia 2 horas da manhã, minha irmã que veio com a outra irmã se perdeu no caminho mas já estava conosco, resolvemos ir embora e deixar la machina lá mesmo.

Às 3:30 chego em Peruíbe, meu lar,  e depois de um banho capoto na cama.
Às 9 horas acordo para voltar a minha jornada de volta ao posto onde me encontraria com o 'curioso local' para trocar a peça.

Muito precavido passo numa auto peça e compro o tal item defeituoso para, evidentemente, levar comigo. Para o destino pego emprestado o carro da minha irmã.

Uns 6 ou 7 km antes, num posto policial, fui parado e o policial me avisa que o documento estava vencido. Minha irmãzinha desmiolada esqueceu de licenciar o carro.
O policial preenche a papelada (enquanto contamos a história que devia parecer completamente uma mentira) e nos oferece uns cartões de taxis da região.

Ao ligarmos para dois taxistas eles nos informam que deveria custar entre R$ 50,00 e R$ 70,00 a corrida. Detalhe: como citei anteriormente, o posto policial onde estávamos era 6 ou 7 quilômetros do posto de gasolina onde o carro estava.

Aviso minha irmã que ela deveria seguir para Santos no único Poupa Tempo da baixada santista para tentar retirar a liberação no mesmo dia, e assim evitar correr o risco de 'coisas desagradáveis' acontecerem com o carro no páteo. Ela vai de ônibus pra lá e eu levaria os papéis da apreensão pra lá (sabe-se lá porque motivo tem que estar de posse da proprietária já que eles nem olham).

Minha esposa (mais mão de vaca que eu) e eu resolvemos não pagar nada e ir a pé. Nessa, um motorista de uma seguradora nos ofereceu uma carona, mas o policial se oferece para nos levar lá.
Fomos de viatura para lá. Até que foi a parte divertida.

Chegamos ao posto de gasolina e o carro ainda estava lá e intacto.
Obviamente o 'curioso local' não estava lá (apesar de termos combinado), abro o capô e tchan! A peça não servia.

Fomos a duas lojas no entorno e nada. Tentamos umas oficinas próximas e nada.
Ligo pro tal 'curioso local' e ele diz que já estaria a caminho (nunca apareceu).
Resolvo pegar um busão e ir pro centro de São Vicente.

Subo no busão, vejo um leitor de cartões e pergunto ao motorista se ele aceita dinheiro. Depois de uns 15 ou 20 anos sem pegar busão achava que estávamos no século XXI. Ele me olha como quem vê um marciano e responde que sim.

Peço a ele para me avisar quando estiver próximo a alguma auto peça no centro e ele gentilmente me diz que parará na frente da maior loja de São Vicente.
Sigo em pé claro.
No caminho sobe um idoso e uma moça gentilmente oferece seu lugar ao senhor. Surpresa, já que na capitaR é um "pega pra capa". Nesta novela toda, a única coisa interessante e surpreendente foi que todas as pessoas envolvidas foram muito gentis e solícitas comigo. 

Vaga um lugar e uma moça me diz, sente você que é "grandão".
Agradeço e arrumo comovido meus 1,90m da melhor maneira possível. No caminho ainda ela vai me contando sobre como é melhor pegar um ônibus para o centro, como e onde é o local, etc.

A loja me surpreende. Realmente é imensa, não lembro de ter entrado em alguma do porte em São Paulo (e olha que 40 dos meus quase 43 anos passei lá).
Muito bem atendido pego a peça e volto.
Num carrinho de doces no ponto de ônibus uma senhora gentilmente me informa que era melhor ir a um determinado lugar para pegar uma lotação mais rápido.

Emfim, quase 3 horas depois, estou de volta ao meu carro, coloco a peça e fim de papo. Ou quase.
Alimentado com um "enrolado de presunto e queijo" de uma lanchonete morfética (o desespero nos faz crer ardentemente em nosso sistema imunológico) saímos de lá rumo a Santos.

Santos é uma São Paulo com mar, ou seja, trânsito insuportável, alta densidade demográfica, motoristas neuróticos, mal cheiro, sujeira e um mar em algum lugar que não avistei.
Olha, essa parte da burocracia kafkaniana brasileira vou pular.

Resumindo, sexta-feira, 18 horas e o "Poupa Tempo" libera o carro da minha irmã. Chama "Poupa Tempo" porque ele (quase) poupa um tempo que a própria buRRocracia brasileira faz você perder.

19:00 da sexta-feira em casa. Tudo resolvido. Em termos, já que o carro da minha irmã só sai do páteo (esperamos inteiro e completo como foi) só na segunda-feira.

Diretores e roteiristas de humor que queiram entrar em contato estejam a vontade.


terça-feira, 23 de outubro de 2012

Somos tão... "de bem".

Os terroristas são todos loucos não?
Os nazistas uns psicopatas não?
Nossa e esses pedófilos todos!

Nós brancos cristãos não. Somos corretos e de bem.
Uma 'cruzadinha' aqui e outra ali.
Uma 'inquisiçãosinha' básica.
Um 'aparteidisinho' pra variar.
Um limpezinha étnica durante as colonizações.

No continou extermínio, espropriação de terras e aculturação dos nossos indígenas, continuamos em nossa justificada busca pelo progresso e pelos lucros.

 

Do blog do Bob Fernandes.
Link para o original no título.
 
 
Nas últimas semanas, além do futebol de sempre, dois assuntos ocuparam as manchetes: o julgamento do chamado "mensalão" e, na campanha eleitoral em São Paulo, o programa de combate à homofobia, grotescamente apelidado de "Kit Gay". Quase nenhuma importância se deu a uma espécie de testamento de uma tribo indígena. Tribo com 43 mil sobreviventes.
A Justiça Federal decretou a expulsão de 170 índios da terra em que vivem atualmente. Isso no município de Iguatemi, no Mato Grosso do Sul, à margem do Rio Hovy. Isso diante de silêncio quase absoluto da chamada grande mídia. (Eliane Brum trata longamente do assunto no site da revista Época nesta segunda-feira, 22). Há duas semanas, numa dramática carta-testamento, os Kaiowá-Guarani informaram:
- Não temos e nem teremos perspectiva de vida digna e justa tanto aqui, na margem do rio, quanto longe daqui. Concluímos que vamos morrer todos. Estamos sem assistência, isolados, cercados de pistoleiros, e resistimos até hoje (…) Comemos uma vez por dia.
Em sua carta-testamento os Kaiowá-Guarani rogam:
- Pedimos ao Governo e à Justiça Federal para não decretar a ordem de despejo/expulsão, mas decretar nossa morte coletiva e enterrar nós todos aqui. Pedimos para decretar nossa extinção/dizimação total, além de enviar vários tratores para cavar um grande buraco para jogar e enterrar nossos corpos. Este é o nosso pedido aos juízes federais.
Diante dessa história dantesca, a vice-procuradora Geral da República, Déborah Duprat, disse: "A reserva de Dourados é (hoje) talvez a maior tragédia conhecida da questão indígena em todo o mundo".
Em setembro de 1999, estive por uma semana na reserva Kaiowá-Guarani, em Dourados. Estive porque ali já se desenrolava a tragédia. Tragédia diante de um silêncio quase absoluto. Tragédia que se ampliou, assim como o silêncio. Entre 1986 e setembro de 1999, 308 índios haviam se suicidado. Em sua maioria, índios com idade variando dos 12 aos 24 anos.
Suicídios quase sempre por enforcamento, ou por ingestão de veneno. Suicídios por viverem confinados, abrutalhados em reservas cada vez menores, cercados por pistoleiros ou fazendeiros que agiam, e agem, como se pistoleiros fossem. Suicídios porque viver como mendigo ou prostituta é quase o caminho único para quem é expelido pela vida miserável nas reservas.
 
Italianos e um brasileiro fizeram um filme-denúncia sobre a tragédia. No Brasil, silêncio quase absoluto; porque Dourados, Mato Grosso, índios… isso está muito longe. Isso não dá ibope, não dá manchete. Segundo o Conselho Indigenista Missionário, o índice de assassinatos na Reserva de Dourados é de 145 habitantes para cada 100 mil. No Iraque, esse índice é de 93 pessoas para cada 100 mil.
Desde fins de 1999, quando, pela revista Carta Capital, estive em Dourados com o fotógrafo Luciano Andrade, outros 555 jovens Kaiowá-Guarani se suicidaram no Mato Grosso do Sul, descreve Eliane Brum. Sob aterrador e quase absoluto silêncio. Silêncio dos governos e da chamada mídia. Um silêncio cúmplice dessa tragédia.

sexta-feira, 5 de outubro de 2012

De volta para o futuro

Apesar de minha mudança para uma cidade menor, visando qualidade de vida e menor contato humano, a minha descrença com o ser humano só aumenta.
Ok, é meio bobagem dizer isso, mas é bobagem completa tantas outras coisas que me deixa dessa maneira cético em relação aos meus "companheiros do sindicato dos humanos".
 
Minha esposa é tradutora, e pela habilidade com a escrita e a língua pátria, acaba fazendo "tarefas" de faculdade para alunos desmiolados, TCC e teses.
 
Isso me incomoda profundamente.
 
Não com ela, já que seu trabalho é bem feito e nada mais é do que um trabalho de escrita como outro qualquer, além do mais ela nunca faz plágio ou outras coisas que a desabone.
 
O que me incomoda é esse monte de pessoas que não querem ler (as desculpas são as mais esfarrapadas possíveis), e em seu desespero por um dipRoma atropelam o fato de serem analfabetos funcionais. Isso sim é deprimente.
 
E não pensem que são faculdades xurupita apenas.
Posso citar FGV e Uncamp como alguns nomes conhecidos.
E a desgraça não para apenas deste lado da carteira, já que os orientadores em muitas vezes também são uma catástrofe.
Os comentários, diretivas e análises são qualquer nota (ops, desculpem o trocadilho infame).
O descarado eu faço de conta que leio e você que escreve.
 
Se já estamos sendo atingidos pelo mar de maus profissionais hoje o que dizer daqui a alguns anos.
 
Ser otimista numa conjuntura dessas é no mínimo curioso.
 
A despeito de todo discurso sociológico e antropológico, a eternidade, ou o para sempre ou ainda o para o resto da minha vida significam atualmente para mim, sendo aí sim otimista, entre 25 ou 30 anos, e não há nenhuma evidência que sustente possíveis melhoras no mundo, ou me restringindo mais, ao Brasil.
 
Não posso generalizar claro, a estatística é falha e cheia de armadilhas, mas eu não apostaria minha vida numa roleta russa com um revólver sem apenas uma bala.
Você apostaria?
 
 
 
 

sexta-feira, 28 de setembro de 2012

O milagre e os deuses

Há quase um ano apareceu um "calombo" no lado interno do meu pulso.
Causava um leve incômodo que aumentava quando me apoiava nele ou estava na fase de grandes pesos na academia.
 
Suspeitei logo de cara ter sido causado pela "pegada errada" no supino, algo comum nas academias quando pegamos a barra com o polegar no mesmo sentido dos demais dedos e não ao redor da barra como oposição que ele deve fazer.
Isso faz com que tenhamos que  dobrar mais o punho para trás e fatalmente o sobrecarregando.
 
Indo no ortopedista (meu cauvário) fui diagnosticado como portador de um quisto sinovial, quando o líquido sinovial intra-articular vaza para os arredores dos tendões ou  a membrana sinovial fica inchada.
Seja lá o que for exatamente, todos os médicos disseram que ele não desaparecia sozinho e que era necessário uma cirurgia.
 
Durante os exames pré-operatórios tive uma das minhas crises de lombalgia e fiquei de molho por um tempo.
 
Praticamente de uma hora para outra (e quase isso mesmo!), contrariando os deuses da sabedoria, o calombo no punho desapareceu.
 
Daí realmente admiti que os deuses fazem milagres, mesmo que indiretamente.
O 'deus' médico faz uma assertiva absurda que induz a algum maluco qualquer rezar ou apelar pra qualquer outra bobagem, e se há cura ou melhora então foi operado um milagre.
 
A estupidez fomentando a estupidez.
Ok, discurso meio Dawkins admito.
 

segunda-feira, 17 de setembro de 2012

A ganância empresarial

Do blog do Rizzato Nunes.
Numa sociedade onde o lucro justifica tudo, é bom ver alguém falar sobre o "fundamentalismo de livre-mercado".
Excelente texto, mas necessitamos de ética mais do que leis.

A ganância empresarial e o direito do consumidor: a sede de ganho sem limites


 O Código de Defesa do Consumidor (CDC) faz 22 anos no próximo dia 11 de setembro (Lei 8078/90). Não preciso chover no molhado para dizer o quão importante essa lei foi e é para todos os consumidores brasileiros e também para os estrangeiros que estejam no território nacional. Aliás, não só para os consumidores como para os próprios fornecedores que souberam e souberem bem aproveitar as normas firmadas. Aproveito, então, essa comemoração de aniversário para abordar um aspecto preocupante que aflorou no mercado de consumo abertamente nos últimos anos, para que possamos fazer uma reflexão sobre a questão do consumidor nos tempos atuais.
Falarei da ganância, a sede de ganho sem limites.

Michael J. Sandel, no livro intitulado Justiça: o que é fazer a coisa certa, conta que, no verão de 2004, o furacão Charley invadiu o Golfo do México causando sérios danos à população da Flórida. A tempestade matou 22 pessoas e causou prejuízos de 11 bilhões de dólares.

No livro citado, Sandel diz que, após a passagem do destrutivo furacão, em “um posto de gasolina em Orlando, sacos de gelo de dois dólares passaram a ser vendidos por dez dólares. Sem energia para refrigeradores ou ar-condicionado em pleno mês de agosto, verão no hemisfério norte, muitas pessoas não tinham alternativa senão pagar mais pelo gelo. Árvores derrubadas aumentaram a procura por serrotes e consertos de telhados. Prestadores de serviços cobraram 23 mil dólares para tirar duas árvores de um telhado. Lojas que antes vendiam normalmente pequenos geradores domésticos por 250 dólares pediam agora 2 mil dólares. Por uma noite em um quarto de motel que normalmente custaria 40 dólares cobraram 160 a uma mulher de 77 anos que fugia do furacão com o marido idoso e a filha deficiente”.
Esse tipo de conduta não é novo nem surpreendente e já se verificou no Brasil inúmeras vezes. Apenas para ficar com dois exemplos: Recentemente, no mês de março p.p., alguns donos de postos de combustíveis em São Paulo, aproveitando-se da escassez provocada pela greve dos caminhoneiros, aumentaram (e muito) o preço da gasolina e do álcool nas bombas; em janeiro de 2011, alguns comerciantes da região serrana do Estado do Rio de Janeiro aumentaram abusivamente os preços dos gêneros de primeira necessidade, logo após os deslizamentos de terra nas cidades de Nova Friburgo, Teresópolis, Petrópolis e outras e que deixaram centenas de mortos e milhares de desabrigados.

São práticas abusivas proibidas pela legislação protecionista do consumidor e, evidentemente, odiosas, mas que apenas confirmam a mentalidade atrasada e as ações ilegais perpetradas por certos empresários e colocam à mostra defeitos terríveis da natureza humana. Daí que a ganância não é nova nem desconhecida. Aliás, é um dos sete pecados capitais como desdobramento da avareza; trata-se de um vício humano, sempre combatido.

Mas, o que chama a atenção no episódio do furacão na Flórida não é tanto a ganância, mas a incrível e aberta defesa feita por muitos economistas do ato ganancioso como elemento intrínseco do sistema e – pasme-se – positivo!

Dentre os vários “teóricos de mercado” que fizeram esse tipo de defesa naquela oportunidade, refiro, por todos, o economista Thomas Sowell para quem o termo “extorsão”, utilizado pelas vítimas dos comerciantes, não passava de uma “expressão emocionalmente poderosa porém economicamente sem sentido, à qual a maioria dos economistas não dá atenção, porque lhes parece vaga demais“. Veja o que escreveu Sandel sobre a fala dele: “Preços mais altos de gelo, água engarrafada, consertos em telhados, geradores e quartos de motel têm a vantagem, argumentou Sowell, de limitar o uso pelos consumidores, aumentando o incentivo para que empresas de locais mais afastados forneçam as mercadorias e os serviços de maior necessidade depois do furacão. Se um saco de gelo alcança dez dólares quando a Flórida enfrenta falta de energia no calor de agosto, os fabricantes de gelo considerarão vantajoso produzir e transportar mais. Não há nada injusto nesses preços, explicou Sowell; eles simplesmente refletem o valor que compradores e vendedores resolvem atribuir às coisas quando as compram e vendem.”

Trata-se de um sofisma ridículo e pueril, pois obviamente os fabricantes de gelo somente se motivariam se o preço se mantivesse nas alturas de forma constante. No caso, o preço foi elevado excessivamente, fixado para um curto período de tempo e imposto contra consumidores desesperados.

Esse tipo de argumento poderia passar despercebido, não fosse algo consistentemente defendido por diversos e diferentes setores empresariais e seus inúmeros asseclas “teóricos”.

Parece mesmo que uma característica desses últimos vinte, trinta anos na sociedade capitalista é a falta de vergonha na cara, do surgimento da possibilidade do “cara de pau” falar qualquer coisa. Defender a ganância é apenas um dos exemplos desse descaramento que pensa e propõe o mercado funcionando como um Deus capaz de tudo resolver.

Aliás, e a propósito, é isso mesmo: na concepção cristã, como disse acima, a avareza é um dos sete pecados capitais porque o avarento (e na hipótese, o ganancioso) prefere os bens materiais ao convívio com Deus. Mas, no capitalismo selvagem atual, faz sentido, na medida em que, como disse, o mercado funciona como um Deus. E é nesse aspecto, inclusive, que tem se usado a expressão “fundamentalismo de livre-mercado”.

Os estudiosos da sociedade capitalista têm dito e também demonstrado que o capitalismo da segunda metade do século XX para cá é eminentemente fundamentalista. É o chamado fundamentalismo de livre-mercado (do inglês free-market fundamentalism), expressão usada criticamente e que denota a injustificada e exagerada crença de que os mercados livres são capazes de propiciar a maior prosperidade possível e que qualquer interferência nos processos de mercado reduz o bem estar social. Ou seja, os livre-mercados seriam capazes de resolver, de per si, todos os problemas que afetam uma sociedade.

Eis, pois, uma mostra de um dos aspectos mais perniciosos da sociedade capitalista contemporânea mas, que, de todo modo, acaba ajudando a realçar a importância de nossa lei protecionista do consumidor, editada há 22 anos.

segunda-feira, 10 de setembro de 2012

Feriadão novamente

Feriadão é um show de horrores.
O pessoal larga de mão geral.
 
 

Você meu caro paulistano típico, imagine-se num supermercado por aí e se deparar com um tigrão com a pansa peluda à mostra e o indefectível chilelo de dedo (ou até mesmo os pezões de fora)?
Patético não?
Pois é, é isso que nós que moramos no litoral temos que olhar nos feriados.
 
E aquela mocréia gorda de biquininho e canga parecendo um botijão de gás com capa plástica acompanhando o indivíduo?
Assombroso não?
 
Wandercleisson, Charlene, Cleberson Carlos, Andréia Cristina e amigos.
 
 
A 'madama' de chapinha, maquiagem e celular na praia?
(NT - nota trágica: meu Deus, porque mulher cisma com alisamento?)
 
A molecada, esperança nacional, é um capítulo à parte.
Óculos escuro num dia nublado, prancha pra cá e pra lá pra pegar as marolas, enchem o saco de tudo o que é mulher e não comem ninguém.
 
Desfile de carros de "tunados" com aquele festival de mal gosto em alto volume e todo mundo sendo obrigado a escutar. Geralmente funk, pagode ou música sertaneja.
 
Faltou o adesivo: "se comesse alguém não precisaria chamar atenção".

Curiosamente lembro que antigamente não era bem tunning o nome mas sim uma designação peculiar nada politicamente correta que era atribuída aos taxistas e carreteiros colocavam na alavanca de câmbio aquela  esfera transparente com um caranguejo dentro.
 
Sinal dos tempos: essa manopla e uma porta cheia de zarcão deveria ser tunning também.

Praia Grande, Peruíbe ou Riviera de São Lourenço no final é tudo a mesma coisa. Gente normalmente massacrada pelo trabalho e pela rotina que acha que um feriado é capaz de amenizar suas frustrações e infelicidades.
Pelo menos alguma coisa no mundo é realmente democrática.

O retorno pra casa?
Que delícia, aquele congestionamento básico tradicional pra não perder o hábito do dia a dia.
 
 
 
Uma musiquinha pra animar...
 
 

sábado, 25 de agosto de 2012

Reproduzindo...

Religiosidade diminuirá no Brasil, diz escritor e psicólogo americano
Terra - 24 de agosto de 2012 07h32 atualizado às 08h50  


Michael Shermer vem ao Brasil para disseminar a dúvida e o questionamento na 6ª edição do Fronteiras do Pensamento. Foto: Byrd Williams/Divulgação
Michael Shermer vem ao Brasil para disseminar a dúvida e o questionamento na 6ª edição do Fronteiras do Pensamento
Foto: Byrd Williams/Divulgação

Diretor da Sociedade Cética, criador da revista Skeptic e articulista semanal da Scientific American, o psicólogo e escritor americano Michael Shermer vem ao Brasil para disseminar a dúvida e o questionamento na 6ª edição do Fronteiras do Pensamento. Na mala, o cientista traz a certeza de que o ceticismo pode melhorar o planeta. De fato, ele prevê o arrefecimento da religiosidade da população brasileira com o aumento da prosperidade: "As pessoas se voltam para a religião quando seus governos não fornecem uma estrutura social sólida".

Shermer nem sempre foi tão cético quanto mostra uma das frases de sua entrevista ao Terra: "Eu duvido até que provem o contrário". Durante o ensino médio, ele batia de porta em porta para propagar a palavra do Evangelho. No curso de psicologia, porém, as certezas cristãs começaram a ruir. Por fim, em 1983, competindo como ciclista em um desafio chamado Race Across America, ele percorreu mais de 2 mil km em 83 horas sem dormir e, absolutamente exausto, passou a delirar.

Quando seu time de apoio finalmente pediu que ele parasse para descansar, o ciclista pensou que eram alienígenas conduzindo-o para a nave-mãe. Algumas horas de sono o curaram - a nave, afinal, não passava de um motor home bem americano. Essa confusão o levou a estudar com afinco as razões pelas quais os indivíduos encontram explicações estranhas para eventos que não conseguem entender com a razão.

Seu livro mais recente, The believing brain - o qual será lançado em breve no País com o título A mente e a crença, pela JSN Editora - trata exatamente disso. Nele, o autor delineia um panorama das associações e dos processos envolvidos na mecânica cerebral da crença. "O cérebro é uma máquina de crenças", diz Shermer. "A partir dos dados sensoriais que fluem através dos sentidos do cérebro, naturalmente se começa a procurar e encontrar padrões, e então se infundem significados a esses padrões".

Para explicar suas teorias e fomentar o ceticismo, o mestre em Psicologia Experimental e Ph.D. em História da Ciência espera ser recebido por pessoas "curiosas e apaixonadas por compreender o mundo" em Porto Alegre, dia 27, e São Paulo, dia 29.
Confira a seguir a entrevista completa com Shermer.

Terra - O que significa ser cético?
Michael Shermer - Ceticismo significa investigação cuidadosa. É manter a mente aberta, mas não tão aberta que seu cérebro caia fora e você passe a acreditar em tudo. Ceticismo é ciência, e os cientistas são céticos porque a maioria das ideias acaba se revelando falsa. Assim, a posição padrão da ciência e do ceticismo é a dúvida: eu duvido até que provem o contrário.
Os céticos acreditam na ciência, na razão e na racionalidade. Os céticos acreditam que a mente humana é capaz de resolver problemas e melhorar nossas vidas através da razão. Os céticos são otimistas que têm esperança para o nosso futuro contanto que possam usar a razão e a ciência.

Terra - Qual é o objetivo da ciência em um mundo que procura tanto o sobrenatural?
Shermer - Ciência é um método para responder perguntas sobre o mundo natural com explicações naturais (não sobrenaturais). Ciência é um método sistemático para testar hipóteses acerca do mundo, métodos que podem ser empregados em qualquer lugar, por qualquer pessoa, a qualquer momento. A ciência é aberta e provisória; não Verdades (com V maiúsculo), mas conclusões provisórias baseadas em evidências que podem ser derrubadas se novas evidências surgirem.

Terra - Como pode um cientista ser religioso?
Shermer - Muitos cientistas são religiosos, mas eu acho que eles empregam o que eu chamo de logic-tight compartments (NR: compartimentos cerebrais impermeáveis à lógica) quando eles têm crenças conflitantes. A religião faz coisas que a ciência não faz (como grupos que cozinham sopa e cuidam das pessoas pobres e necessitadas), e a ciência faz coisas que a religião não faz (como a execução de experimentos e coleta de dados para testar hipóteses sobre o mundo).

Terra - O que você acha de James Randi, que oferece US$ 1 milhão para quem provar ser um verdadeiro paranormal?
Shermer - Eu amo o James Randi. Ele é meu amigo e mentor. James Randi é o padrasto do movimento cético moderno. Seu desafio de 1 milhão é uma das coisas mais importantes na história do ceticismo.

Terra - Sobre o seu livro Por que as pessoas acreditam em coisas estranhas (Why People Believe Weird Thing), há uma resposta fácil para esta pergunta? Por que as pessoas acreditam em coisas como horóscopo, tarô, médiuns, óvnis?
Shermer - A principal razão para as pessoas acreditarem em coisas estranhas é porque nós precisamos acreditar em coisas, no geral. Nós fazemos isso procurando padrões na natureza. Nós somos buscadores de padrões. Eu chamo isso de "padronicidade", a tendência de encontrar padrões significativos em ruídos sem sentido. Ufólogos veem um rosto em Marte. Religiosos veem a Virgem Maria ao lado de um edifício. Paranormais ouvem pessoas mortas falarem com eles através de um receptor de rádio. Os téoricos da conspiração acham que o 11 de setembro foi obra da administração do presidente Bush. É claro que alguns padrões são reais: os germes causam doenças, o DNA é a base da hereditariedade e o presidente Lincoln foi assassinado por uma conspiração. Então a dificuldade está em determinar a diferença entre os padrões verdadeiros e falsos.
Quando nós enganosamente acreditamos ter encontrado um padrão, existem dois tipos de erro: o erro tipo 1, o falso positivo, é acreditar que algo é real quando não é; o erro tipo 2, o falso negativo, é não acreditar que algo é real quando é. Por exemplo, acreditar que o farfalhar da grama é um predador perigoso quando é apenas o vento é um erro tipo 1. Isso não é um grande problema, mas acreditar que um predador perigoso é apenas o vento é um erro tipo 2, que pode custar a vida de um animal. Portanto, teria havido uma seleção natural na evolução dos animais (incluindo primatas como os nossos ancestrais hominídeos) por simplesmente acreditar que todos os padrões são reais. Tais padronicidades, então, significam dizer que as pessoas acreditam em coisas estranhas por causa da nossa necessidade evoluída de acreditar em coisas não estranhas.

Terra - Há quem afirme enxergar espíritos, ouvir vozes e até conversar com seres que já faleceram. Esse tipo de relato é mentiroso?
Shermer - As experiências que as pessoas têm são reais. O que essas experiências representam é algo completamente diferente. A maioria das pessoas não são mentirosas - elas acreditam naquilo que elas pensam ter visto. Mas, na maioria dos casos, elas interpretam erroneamente a experiência.

Terra - Em uma outra entrevista, você comentou sobre a diminuição da religiosidade na Europa e nos EUA. Aqui no Brasil, no entanto, não se nota essa tendência. Qual é o motivo?
Shermer - Eventualmente, a religiosidade vai diminuir no Brasil e nos outros países da América do Sul, à medida que cresce a prosperidade e a confiança das pessoas nos sistemas políticos e econômicos. Uma razão pela qual a religião ainda cresce no Brasil, e em outros países, é que os níveis de confiança entre as pessoas nestes países sul-americanos é baixa, segundo os economistas. As pessoas se voltam para a religião quando seus governos não fornecem uma estrutura social sólida.

Terra - Em seu livro mais recente, The believing brain, você sintetiza 30 anos de suas pesquisas a respeito de como as pessoas formam suas crenças. Dá para sintetizar ainda mais?
Shermer - Minha tese é simples: nós produzimos nossas crenças por uma variedade de razões subjetivas, pessoais, emocionais e psicológicas no contexto de ambientes criados por familiares, amigos, colegas de trabalho, da cultura e da sociedade em geral; após a formação de nossas crenças, nós então defendemos, justificamos e racionalizamo-as com uma série de razões intelectuais, argumentos convincentes e explicações racionais. Crenças vêm em primeiro lugar, e as explicações para as crenças, a seguir.
O cérebro é uma máquina de crenças. A partir dos dados sensoriais que fluem através dos sentidos, o cérebro começa a procurar e encontrar padrões, e então se infundem significados a esses padrões. O primeiro processo eu chamo padronicidade: a tendência para encontrar padrões significativos em ambos os dados, significativos e sem sentido. O segundo processo eu chamo agenticidade: a tendência de infundir padrões com significado e intenção. Nós não podemos evitá-lo. Nossos cérebros evoluíram para ligar os pontos do nosso mundo em padrões significativos que explicam por que as coisas acontecem. Estes padrões significativos se tornam crenças.
Uma vez que as crenças são formadas, o cérebro começa a procurar e encontrar evidências que confirmem e apoiem essas crenças, o que acrescenta um impulso emocional de mais confiança nas crenças e, assim, acelera o processo de reforçá-las, e o processo se transforma em um retorno positivo de confirmação da crença. Bem como, ocasionalmente, as pessoas formam crenças a partir de uma única experiência reveladora em grande parte livre de seu passado pessoal ou da cultura em geral. Mais raro ainda, há aqueles que, ao pesar cuidadosamente as evidências a favor e contra uma posição que já possuem, ou que eles ainda têm de formar uma opinião a respeito, calculam as probabilidades e tomam uma decisão drástica, sem emoção, e não olham para trás.
Essas reversões de crenças são tão raras na religião e na política, que geram manchetes de jornais quando envolvem alguém de destaque, como um clérigo que muda de religião ou um político que muda de partido. Isso acontece, mas é tão raro quanto um cisne negro. Reversões de crenças acontecem com mais frequência na ciência, mas não tão frequentemente como se poderia esperar da visão idealizada do exaltado "método científico", no qual apenas os fatos contam. A razão para isso é que os cientistas são pessoas também, não menos sujeitos aos caprichos da emoção e à força dos traços cognitivos que moldam e reforçam crenças.

Terra - Você está trabalhando em algum novo livro?
Shermer - Meu próximo livro é The Moral Arc of Science: How Science Has Bent the Arc of the Moral Universe Toward Truth, Justice, Freedom, & Prosperity. O livro trata do arco da moral do universo que se volta na direção da verdade, da justiça, da liberdade e da prosperidade, graças à ciência - o tipo de pensamento que envolve razão, racionalidade, empirismo e ceticismo. A Revolução Científica liderada por Copérnico, Galileu e Newton foi tão transformadora, que os pensadores de outros campos conscientemente buscaram revolucionar o mundo social, político e econômico usando os mesmos métodos da ciência. Isso levou à Idade da Razão e do Iluminismo, que por sua vez criou o mundo moderno secular de democracias, direitos, justiça e liberdade.

Terra - Quem você espera que vá te assistir no Fronteiras do Pensamento?
Shermer - Espero que pessoas interessadas em ciência e no pensamento, pessoas que sejam curiosas e apaixonadas por compreender o mundo.

Fronteiras do Pensamento
Concebido em 2006, o Fronteiras do Pensamento é um seminário que reúne conferencistas de diversas áreas da ciência. O foco de 2012 é a participação efetiva do pensador na mudança social.
27 de agosto
Onde: Salão de Atos da UFRGS (Av. Paulo Gama 110 - Bairro Farroupilha - Porto Alegre/RS)
Horário: 19h30
29 de agosto
Onde: Sala São Paulo (Praça Júlio Prestes, 16 - Santa Cecília São Paulo - SP)
Horário: 20h30


Comentário do Coisa cético:  "A Revolução Científica liderada por Copérnico, Galileu e Newton foi tão transformadora, que os pensadores de outros campos conscientemente buscaram revolucionar o mundo social, político e econômico usando os mesmos métodos da ciência. Isso levou à Idade da Razão e do Iluminismo, que por sua vez criou o mundo moderno secular de democracias, direitos, justiça e liberdade." - Também criou uma idade das diferenças sociais brutais, do individualismo excessivo e da crença no "deus mercado financeiro" e todas as suas consequencias.

sexta-feira, 24 de agosto de 2012

segunda-feira, 23 de julho de 2012

Como vinho coisa nenhuma

Até virtualmente meus heróis estão envelhecendo comigo.
Max Payne está na meia idade e além de alcoólatra está viciado em analgésicos.



Os Mercenários 2 juntou todos os brucutus geriátricos que nos divertiam na década de 80.


Mestre Arnold, você sempre será O cara!

A quarta década é uma fase esquisita, talvez a mais esqusita de todas.
Da adolescência pra idade adulta temos problemas completamente idiotas dignos de uma mente vazia e imatura.
Dos 60 em diante lida-se com os "finalmentes". Os que não tiveram a 'não-vida' de trabalho nas corporações não passam pela depressão da "inutilidade", já que sabem que ainda podem ter uma vida (quase) interessante.

Mas a passagem da barreira dos 40 é cheia de quebras de paradigmas e, principalmente, mudança de identidade.

Durante duas décadas (conscientemente no meu caso), construi um 'eu' que combinava comigo e me protegia bem: a do grandão mal humorado que ajudava 'frascos e comprimidos'.
Não é atoa que o apelido de Coisa surgiu no IFUSP, aonde o grandão mal encarado cuidava dos gatos que lá viviam. Touro Ferdinando, João Pequeno, etc.

Fui muito bem sucedido.
Fiz bons amigos, clientes e até, apesar de não ser o Brad Pitt, atraí as mulheres e porque não dizer, os homens.
Sujeito contido, de poucas palavras, que abomina piadas, frases feitas e a idolatria ao senso comum.
Do humor me restou a corrosividade.
Do otimismo nada.
O sentir-me mal com a decadência física é natural.

Não sou hipócrita em achar isso bom, mas sei que é a desconstrução do meu personagem que mais me afeta.
Encontrar um 'novo eu' ou apenas achar odioso a falência do anterior?
Não acho nenhuma das hipóteses ruins em si mesmas, são apenas opções.
Estou "retificando" o pulso esquerdo e os dois ombros, desgastados precocemente. O corpo cobra os abusos do passado.
Retirado um caroço no peito ainda restaram as protusões lombares e um cotovelo calcificado.

Não me parece um futuro promissor, apesar de, paradoxalmente, eu não acreditar em futuro.
Restariam-me para esse tempo à frente a inteligência?
Vários dizem sim, eu lamentavelmente não acredito.

Uma criança prodígio que andou e falou com 10 meses, explicava máquinas mecânicas e termologia básica aos amiguinhos.
Um adolescente promissor que aprendia fácil e bem cedo se aventurou com sucesso no mundo da eletrônica.
Um jovem que escreveu livros e empreendeu com facilidade.

Mas no fim um adulto confuso, perdido em pensamentos 'improdutivos', que usa exclusivamente a lente do realismo cru e com auto-estima discutível. E para coroar, não fui o 'Einstein' que gostaria.
Cada vez mais misantropo e desgostoso com a raça humana.

Resta-me torcer (nada mais inútil) para que, cruzando os 50, as coisas fiquem mais leves e uma nova identidade seja encontrada.

De fato, mais leve eu já estou ficando... hehe... humor negro de um 'old bodybuilder' decadente...

segunda-feira, 16 de julho de 2012

Lá se foi mais um

Assisti Jon Lord tocar umas 3 ou 4 vez no Brasil com o Deep Purple, uma delas no Concerto para Grupo e Orquestra.
Tecladista excepcional, compositor e pianista clássico, começou no piano aos 5 anos.



Morreu hoje aos 71 anos, deixando 2 filhos de 2 casamentos e uma legião de fãs e admiradores pelo mundo todo.

Cada vez menos há gente boa no mundo...

quarta-feira, 4 de julho de 2012

Fé. Sempre fé.

Ultimamente perdi a fé na amizade.

As pessoas no fundo parecem que tem uma convivência social conveniente. No mundo corporativo e virtual isso fica mais evidente. Nem sei mais se existem exceções.
Nossa sociedade monetário-mercantil criou ou tornou essa relação assim doentia.

Se o que nos separa dos demais animais é a razão, nada mais racional (ops!) que tornar as relações ‘convenientes’ mais do que qualquer outro tipo de 'atração'.

O grupo humano é dividido em três grades subespécies, os homo sapiens, os pagodeiros e os sertanejos. O primeiro está em extinção e os demais dizem que são as emoções que nos tornam humanos.
Uma grande bobagem.

Nossas emoções são bastante primitivas assim como nos nossos outros 'primos complexos'. In natura poderíamos dizer que existem o medo, a raiva e a empatia. Apenas criamos recentemente essas bobagens como amor, paixão, felicidades e tristezas viscerais.

Na realidade (ou algo que interpretamos assim), a vida é bastante cinza e sem graça. Não que isso seja ruim, as coisas são apenas o que são.

Filmes colorizados também tem esse aspecto fake.

Não sou um existencialista e nem um essencialista, acho essa categorização outro maniqueísmo idiota.

Somos uma mistura dos dois em infinitas proporções individuais.

Somos um universo chamado ‘corpo’, onde vários sistemas atuam completamente à margem do que você imaginaria chamar de “eu”. E nem se pode afirmar o quanto o “eu quero fazer isso” é biológico, cultural ou manipulado por uma torrente de impulsos elétricos e químicos provenientes de algum desses subsistemas completamente alheios ao nosso controle.

Talvez por isso não chegue a achar deprimente essa volatilidade da amizade.

No fim, como ter a pretensão de querer direcionar a Via Láctea?

Somos todos psicopatas travestidos de personagens de novelas mexicanas (não sei por que se fala em nossos primos latinos se as nossas novelas são ‘mais mexicanas’ que as deles?!).

Sinto muito, mas olhar pra alguém e “cair de paixão” é tão real quanto os elfos do Senhor dos Anéis.

É tão real quanto cair em tristeza profunda pelo filho do Leonardo (da dupla... umas das 193 mil). Se Deus existisse eu diria que ele às vezes tem uns ataques de bom gosto. Quem sabe o moço se salva mas fica mudo...

Mas é isso aí, mude de trabalho ou residência e veja as paixões se esmaecerem aos poucos. Sem problemas, é o rumo caótico do universo.

terça-feira, 24 de abril de 2012

O inferno é mais em baixo... ou mais em frente

Por fim tudo passou. Ou quase.

Passei por mais um aniversário vivo, essa data horrível que me lembra da decreptude imposta pelo tempo.

Junto com o fim do ano (quer época mais deprimente?) e o início do ano cuja morte do meu pai me assobra (bem captado pela 'patroinha'), atravesso a época mais detestável do ano.

Ainda não cheguei lá, vivo o limbo dos 40, mas não tenho essas babaquices da melhor idade e dos animados jogos de bocha, ou ainda, dos velhinhos radicais que vão saltar em tandem de paraquedas (já fiz isso solo mais de uma vez).

O corpo desmancha e o cérebro se petrifica.
Nada a ver com a aparência, isso não me importa, e ainda por cima a genética me foi generosa.

Quanta bobagem dizer quem a "experiência" e a maturidade vem com a idade, confundir o inevitável acúmulo de conhecimento da passagem do tempo com alguma espécie de vantagem da velhice.

Dizer que a "outra alternativa" é pior ou então "porque não se mata?" é ainda mais ridículo.
Se a não vida é uma não existência, não há "outra alternativa". A vida em si é uma ditadura.

Quase não há (aliás, no momento não lembro de nenhum - deve ser a velhice) grande insights feitos depois dos 50.

Uma das maiores (talvez a maior) mente humana simplesmente enrijeceu com a idade. Einstein uniu de maneira coerente e sólida o tempo e o espaço e também a matéria e energia. Dois pares que sempre andaram completamente separados no senso comum. 

Já com 'certa idade' e até seu fim, se recusou a aceitar a física quântica, mesmo sendo a sua própria teoria fotoelétrica a 'mãe' da dita cuja.

Não aceito a citação da criação artística mesmo a respeitando e a admirando, pois ela é uma reciclagem pessoal e abstrata de n realidades. Quase uma não criação. Uma crítica a determinado momento histórico-cultural e fim. Não que isso seja pouco, mas não é algo muito evolucionário.

Num mundo recheado de conceitos hipócritas e mercantilistas de "natureza", ecologia e sustentabilidade, afirmar que morrer de velho é "natural" chega a ser absurdo.

Vou vivendo. É o que todos fazem.

Mas não me diga que tem algo de bom e desmilinguir-se com o tempo.

Espero que os neurônios, apesar de carcomidos, preservem a dignidade de reconhecer a hora de jogar a toalha.

terça-feira, 20 de março de 2012

Carta aos jovens amigos

Após divagações sobre música e vida com alguns jovens amigos, disparei meu último email a eles:
 
 
 
Tentando esclarecer algumas “brigas” diversas e possíveis interpretações errôneas sobre minhas posições controversas, e, aproveitando nossas divagações sobre música, gostaria de deixar claro que a obra (especialmente de um Roger Waters por exemplo) de um artista deva ser compreendida muito mais do que simplesmente ‘consumida’.

Como vcs são mais jovens do que eu, e porque terão filhos, deveria ser mais importante ainda, enfatizo a a importância de refletir sobre consumo, trabalho e dinheiro. Indo bem mais fundo do que simplesmente achar que se compra algo porque “gosta” e se “pondera bem sobre o custo/benefício”, que são verdadeiras falácias e desculpas furadas para se integrar a esse modelo sócio-econômico.

 Gostaria que vcs lessem toda a minha mensagem.

Para pensar muito e sem preconceitos e amarras, além de Zeitgeist, sugiro “Da servidão humanatexto e/ou vídeo de Jean-François Brient (gratuito) ou no site.

Posso gerar os DVD’s se quiserem e tiverem coragem e capacidade para refletir.

São a boa síntese do PVL*.

Faz anos que debato isso.
Faz anos que me libertei (quase totalmente) e prefiro ficar à margem (daí vem o termo marginal) desse sistema.
Faz anos que perco amigos para corporações e fictícios modelos de vida.

Não posso fazer nada além de tentar advertir os mais jovens sobre o ‘personagem’ que estão assumindo e a vida única que estarão jogando fora.
Fantasias de paraísos de mil virgens e espíritos não resolverão o amargor de uma não vida, um devaneio dessa ‘matrix’ criado pelo capital.

Corro o risco de parecer pretencioso. Não tem problema, vale a pena por algumas pessoas.

Não existe um “a pessoa é feliz assim”.
O corpo cobrará (hipertensão, tumores, gastrite, obsesidade, síndromes metabólicas, etc).
A mente cobrará (ansiedade, depressão, síndrome do pânico, etc – as pandemias modernas).
E essa casca do que você imagina ser você não suportará.

Na face dessas pessoas, num momento de relaxamento e “baixa de guarda”, se estampa essa amargura, a despeito de todo o marketing do “eu sou feliz”.

Alguns são escravos a vida toda, dissolvidos nessa ‘pasta social’, com suas ‘fotinhos de família feliz na Disney’ e trabalhadores ‘bem sucedidos’.
Outros poucos acordarão quando já é tarde, ao fim de uma vida que é curtíssima.
Menos ainda serão os que conseguirão observar o rídiculo e patético teatro que não são obrigados a participar.

Vocês são jovens, recém chegados ao mercado de consumo, emergentes.
É compreensível que sintam ‘orgulhosos’ e encantados por esse novo ‘poder’ que o capital parece conceder.
Mas a grande questão será SE e QUANDO descobrirão que esse suposto poder é na verdade escravidão.

Alguns perceberam que não quero mais conviver com as pessoas.
É fato.

Prefiro a amizade eterna na lembrança de alguém por quem eu nutria afeto e respeito do que a decepção e o desagrado de conviver com ‘bonecos de arlequim’ que nada mais sabem sobre si mesmos.

Minha dureza com alguns é o desespero de quem sabe que pode perder mais amigos, pois não se é duro com quem ignoramos ou somos indiferentes.
Essas perdas são verdadeiras mortes. Vivo um luto cada vez que isso ocorre.
Aquela pessoa interessante deixou de existir.

Agora existe apenas uma “coisa” travestida daquele ser humano que você conhecia.

Parafraseando Jean-François Brient, que sintetizou algumas sensações minhas:

“Meu otimismo está baseado na certeza que esta civilização vai desmoronar.
Meu pessimismo em tudo aquilo que ela faz para arrastar-nos em sua queda.”



*Nota: PVL = Projeto Vida Longa, grupo antigo mas dinâmico de amigos.

domingo, 11 de março de 2012

Divulgando "Da servidão moderna"

AVI com legendas: http://uploaded.to/file/7jr09nyd
PDF do texto: http://www.delaservitudemoderne.org/Documents/daservidaomoderna.pdf

Direto do site: www.delaservitudemoderne.org



“Toda verdade passa por três estágios.
No primeiro, ela é ridicularizada.
No segundo, é rejeitada com violência.
No terceiro, é aceita como evidente por si própria.”

Schopenhauer






A servidão moderna é um livro e um documentário de 52 minutos produzidos de maneira completamente independente; o livro (e o DVD contido) é distribuído gratuitamente em certos lugares alternativos na França e na América latina. O texto foi escrito na Jamaica em outubro de 2007 e o documentário foi finalizado na Colômbia em maio de 2009. Ele existe nas versões francesa, inglesa e espanhola. O filme foi elaborado a partir de imagens desviadas, essencialmente oriundas de filmes de ficção e de documentários.

O objetivo principal deste filme é de por em dia a condição do escravo moderno dentro do sistema totalitário mercante e de evidenciar as formas de mistificação que ocultam esta condição subserviente. Ele foi feito com o único objetivo de atacar de frente a organização dominante do mundo.

No imenso campo de batalha da guerra civil mundial, a linguagem constitui uma de nossas armas. Trata-se de chamar as coisas por seus nomes e revelar a essência escondida destas realidades por meio da maneira como são chamadas. A democracia liberal, por exemplo, é um mito já que a organização dominante do mundo não tem nada de democrático nem de liberal. Então, é urgente substituir o mito de democracia liberal por sua realidade concreta de sistema totalitário mercante e de expandir esta nova expressão como uma linha de pólvora pronta para incendiar as mentes revelando a natureza profunda da dominação presente.

Alguns esperarão encontrar aqui soluções ou respostas feitas, tipo um pequeno manual de “como fazer uma revolução?” Esse não é o propósito deste filme. Melhor dizendo, trata-se mais exatamente de uma crítica da sociedade que devemos combater. Este filme é antes de tudo um instrumento militante cujo objetivo é fazer com que um número grande de pessoas se questionem e difundam a crítica por todos os lados e sobretudo onde ela não tem acesso. Devemos construir juntos e por em prática as soluções e os elementos do programa. Não precisamos de um guru que venha explicar à nós como devemos agir: a liberdade de ação deve ser nossa característica principal. Aqueles que desejam permanecer escravos estão esperando o messias ou a obra que bastando seguir-la ao pé da letra, libertam-se. Já vimos muitas destas obras ou destes homens em toda a história do século XX que se propuseram constituir a vanguarda revolucionária e conduzir o proletariado rumo a liberação de sua condição. Os resultados deste pesadelo falam por si mesmos.

Por outro lado, condenamos toda espécie de religião já que as mesmas são geradoras de ilusões e nos permite aceitar nossa sórdida condição de dominados e porque mentem ou perdem a razão sobre muitas coisas. Todavia, também condenamos todo astigmatismo de qualquer religião em particular. Os adeptos do complot sionista ou do perigo islamita são pobres mentes mistificadas que confundem a crítica radical com a raiva e o desdém. Apenas são capazes de produzir lama. Se alguns dentre eles se dizem revolucionários é mais com referência às “revoluções nacionais” dos anos 1930-1940 que à verdadeira revolução liberadora a qual aspiramos. A busca de um bode expiatório em função de sua pertencia religiosa ou étnica é tão antiga quanto a civilização e não é mais que o produto das frustrações daqueles que procuram respostas rápidas e simples frente ao mal que nos esmaga. Não deve haver ambigüidade com respeito a natureza de nossa luta. Estamos de acordo com a emancipação da humanidade inteira, fora de toda discriminação. Todos por todos é a essência do programa revolucionário ao qual aderimos.

As referências que inspiraram esta obra e mais propriamente dita, minha vida, estão explicitas neste filme: Diógenes de Sinope, Etienne de La Boétie, Karl Marx e Guy Debord. Não as escondo e nem pretendo haver descoberto a pólvora. A mim, reconhecerão apenas o mérito de haver sabido utilizar estas referências para meu próprio esclarecimento. Quanto àqueles que dirão que esta obra não é suficientemente revolucionária, mas bastante radical ou melhor pessimista, lhes convido a propor sua própria visão do mundo no qual vivemos. Quanto mais numerosos em divulgar estas idéias, mais rapidamente surgirá a possibilidade de uma mudança radical.

A crise econômica, social e política revelou o fracasso patente do sistema totalitário mercante. Uma brecha surgiu. Trata-se agora de penetrar mas de maneira estratégica. Porém, temos que agir rápido pois o poder, perfeitamente informado sobre o estado de radicalização das contestações, prepara um ataque preventivo sem precedentes. A urgência dos tempos nos impõe a unidade em vez da divisão pois o quê nos une é mais profundo do quê o que nos separa. É muito fácil criticar o quê fazem as organizações, as pessoas ou os diferentes grupos, todos nós reclamamos uma revolução social. Mas na realidade, estas críticas são provenientes do imobilismo que tenta convencer-nos de que nada é possível.

Não devemos deixar que o inimigo nos vença, as antigas discussões de capela no campo revolucionário devem, com toda nossa ajuda, deixar lugar à unidade de ação. Deve-se duvidar de tudo, até mesmo da dúvida.

O texto e o filme são isentos de direitos autorais, podem ser recuperados, divulgados, e projetados sem nenhuma restrição. Inclusive são totalmente gratuitos, ou seja, não devem de nenhuma maneira ser comercializados. Pois seria incoerente propor uma crítica sobre a onipresença das mercadorias com outra mercadoria. A luta contra a propriedade privada, intelectual ou outra, é nosso golpe fatal contra a dominação presente.

Este filme é difundido fora de todo circuito legal ou comercial, ele depende da boa vontade daqueles que asseguram sua difusão da maneira mais ampla possível. Ele não é nossa propriedade, ele pertence àqueles que queiram apropriar-se para que seja jogado na fogueira de nossa luta.

Jean-François Brient e Victor León Fuentes

terça-feira, 21 de fevereiro de 2012

Pra te salvar do carnaval

Post do blog do Régis Tadeu: A volta triunfal do Van Halen em ótimo disco
Título e link: A Different Kind of Truth

01. Tattoo
02. She’s The Woman
03. You And Your Blues
04. China Town
05. Blood And Fire
06. Bullethead
07. As Is
08. Honeybabysweetiedoll
09. The Trouble With Never
10. Outta Space
11. Stay Frosty
12. Big River
13. Beats Workin’
14. The Downtown Sessions (Acoustic Set-Panama-You And Your Blues-Beautiful Girls)



Para os 'novinhos', pra se ter uma idéia do tipo de rock'n roll feito pelo Van Halen (o original, antes do Sammy Hagar), uma das cláusulas nos contractos dos "Van Halen" era a exigência de uma taça de M&M's, mas sem os marrons. Se encontrassem um M&M  marrom o contracto seria anulado.

Uma brincadeira numa época em que se podia não ser politicamente correto e não ser processado pelo Spike Lee. Hoje não falaríamos "M&M's marrons" mas sim "chocolates com diferentes origens étnicas".


Mas era isso aí, um heavy sem pretensões, divertido, leve (apesar de ser heavy! rs) e inovador. David Lee Roth é um verdadeiro vocal do Glan Rock (um precursor do metrosexual no heavy metal - rs), acompanha de um baterista de mão cheia (que queria ser guitarrista) Alex Van Halen e um guitarrista ímpar, da lista dos top ten dos melhores de todos os tempos, Eddie Van Halen (que queria ser baterista). Deixo de comentar baixista Michael Antonny.

Uma curiosidade: o "padrinho" deles foi Gene Simons do Kiss.

Quem quiser dar uma olhada num post magnífico deles no Brasil em 1983 clique aqui!