terça-feira, 29 de abril de 2014

Espanhistão

Sou chato?! Repetitivo?!

Bem, parece que pelo mundo outros chatos estão se manifestando.
Qualquer semelhança com o Brasil não é mera coincidência...

Mana Coisa que garimpou esses vídeos aí!





Com a China podemos ver que PIB, crescimento de mercado e outros indicativos econômicos NÃO são medida de bem estar da população e que milagres não acontecem nem aqui e nem na... seria um trocadilho infame...
Aliás, mostra como capitalismo e comunismo são faces da mesma moeda.




Nada na vida é como você quer que seja, e o pior é que quase nada é o que parece ser.
A fé te deixa cego. Mesmo que a fé no caso seja no "Deus Mercado".

sexta-feira, 25 de abril de 2014

A ignorância é atrevida, arrogante e ditadora, e também mal intencionada

Há poucos dias minha esposa me perguntou incomodada sobre o que devia fazer com relação há um cliente que criticou seu trabalho. Na verdade o cliente do cliente.
Eu perguntei qual o motivo e ela me disse que havia um erro em 10 mil palavras (ela é tradutora).
Perguntei o que mais e ela me disse que houveram questionamentos vagos.
Eu recomendei que ela exigisse tudo o que houve de errado tanto para ter evidências do problema quanto para poder melhorar seu trabalho.

Nunca houve tais evidências.

Chegamos à conclusão, após uma análise do seu trabalho, que houve má fé por parte do contratante ou do cliente do contratante com fins de conseguir abatimento no preço ou até mesmo a suspensão total do pagamento.

Minhas faxineiras estavam em casa (sim são duas, o que é bastante diferente já que são gêmeas que trabalham juntas e não eu que sou um abonado contratante) e elas são testemunhas de Jeová.

Elas ouviram a conversa toda e concordaram com os questionamentos e as conclusões. Aproveitei e arrematei discretamente sobre o quão absurdo seria em concordar com qualquer coisa sem o mínimo de evidências, ou seja, de plausibilidade.

Como uma pessoa que é acusada de algo e é presa sem saber qual é a acusação e quais são as provas.

Elas concordaram mas em pouco tempo um silêncio e um incômodo pairavam no ar.
Bingo! Consegui o que queria.
Evidentemente não se acorda ninguém de suas crenças com poucas frases, mas quando alguém guarda o mínimo de sanidade mental, percebe mesmo que inconscientemente (daí o mal estar) o disparate de suas crendices.



Ok, é imensamente provável que elas não façam nenhuma conversão religiosa, muito menos uma conversão "não religiosa", mas meu teste foi bem sucedido, a de que todos nascemos cientistas.

Até há pouco tempo atrás eu achava que a ciência estava avançando e que havia esperança para o pensamento crítico e investigativo no mundo, mas creio que não é bem assim.
Divulga-se e ensina-se a 'meia ciência', ou seja, continuamos com alguma espécie de fé, mesmo que seja na tecnologia, aceitando o que vem desta ciência tecnológica e instrumental como verdade absoluta, ou seja, dogma.

Questionar, perguntar e exigir evidências, o que é função da verdadeira ciência, é perigoso para a manutenção do poder e do status quo.

Além de toda sua contribuição científica, devemos celebrar Sagan como um divulgador do pensamento científico e uma pessoa socialmente ativa. Mesmo como professor já foi preso em manifestações contra a energia nuclear e foi ao senado diversas vezes para a exigência de condições de ensino.
Também conclamava seus colegas cientistas para uma maior participação social e política.  

"Ciência é mais do que um corpo de conhecimento, é uma forma de pensar.
Uma forma cética de interrogar o universo com pleno entendimento da falibilidade humana.
Se nós não estamos aptos a fazer perguntas céticas para interrogar aqueles que nos dizem que algo é verdade e sermos céticos quanto aqueles que nos são autoridade, então estamos à mercê do próximo charlatão político ou religioso que aparecer." - Carl Sagan

Tomas Jefferson dizia que não se deve apenas exaltar os direitos civis e liberdades individuais constitucionais, o povo deve ser educado e tem que praticar o seu ceticismo e a sua educação, de outra forma não controlamos o governo, o governo que é quem nos controla.

Continuando com Sagan: "As pessoas lêem cotações da bolsa e as páginas financeiras. Veja o quão complexo é isso... as pessoas conseguem ver estatística dos esportes... entender a ciência não requer mais energia intelectual do que isso... a questão sobre ciência, primeiro de tudo, ela está atrás de o que realmente é o universo e não do que nos faz sentir bem, e muito das doutrinas religiosas é que elas nos dizem o que nos faz sentir bem e não do que é verdade.

Acreditar, e isso é fé, quando não há evidência persuasiva é um erro.

Quem é mais humilde, o cientista que olha para o universo de mente aberta e aceita o que quer que ele traga ou alguém que diz que 'tudo nesse livro tem que ser considerado verdade literal' e nunca se importe com a falibilidade dos humanos envolvidas na escrita desse livro?

De fato há muito que não sabemos, mas isso não quer dizer que toda afirmação fraudulenta tenha que ser aceita. Devemos requerer os padrões mais rigorosos de evidências, especialmente no que é importante para nós."

Hoje leio muito "os cientistas afirmam isso", "os pesquisadores afirmam aquilo", "pesquisas indicam", blá blá blá.
Carl sempre dizia que devemos ser céticos inclusive com o ceticismo, e essa é a sua maior maldição. Estarmos abertos a novidades que nos contradizem ao mesmo tempo em que devemos ser críticos inclusive com as pesquisas.

Não buscamos nos informar sobre como a pesquisa foi feita, quem as fez, quem as patrocinou, sob quais condições, etc.
A deseducação sobre ciência, não ensinando ou divulgando meias verdades, é na verdade uma forma de minar algo que a ciência nos ensina sobre o poder também, já que questionar autoridades, sejam elas políticas ou religiosas, costuma minar a estabilidade e o controle.
Não é atoa que a pena de morte para ateus exista em 7 países.

A maior contribuição da verdadeira ciência é nos ensinar a aprimorar as perguntas e não aceitar as respostas.
As respostas são pistas e indicativos para melhores perguntas.

Compreender a nossa limitação intelectual é importante e, apesar de angustiante, a ciência nos ensina que o melhor é o caminho e não a chegada.

A ciência de verdade enaltece o caminho e o refinamento das perguntas porque compreende a imensa probabilidade de não se chegar a verdade absoluta em nada.

Não tema, é muito mais belo, poético, acalentador e ético sabermos que somos poeira estelar sem nenhuma motivação maior em existirmos e sem qualquer outro destino a não ser devolver as moléculas que emprestamos do universo para que outras vidas existam.

Em sua última entrevista, indagado em se pensa em como será morrer, já que sua condição de portador de mielodisplasia seria fatal, ele responde sereno como sempre foi: "Penso em como seria para minha família. Eu não penso em como seria para mim porque não acho que exista algo em que você pense depois de morrer. É apenas um longo sono sem significado. Eu adoraria acreditar no oposto, mas não existem evidências.
Uma das coisas que isso me fez, foi intensificar minha apreciação pela beleza da vida, do universo e da prazerosa alegria de estar vivo."

Não estimular o pensamento científico é uma forma perniciosa de manter inalterados a balança do poder e o status quo social vigente, o que favorece desde grandes corporações e poderosos grupos sociais até pequenos clientes desprezíveis capazes de tudo para lucrar uns trocados.




sexta-feira, 18 de abril de 2014

As idas

Um casal de amigos vai para o Canadá este ano.
Um pós-doc dela. Maridão e pimpolhos (um da espécie humana e dois da felina) seguem junto.

A tristeza de saber que vamos ter dificuldades em nos ver - odeio sair de casa, quanto mais viajar - só é compensada pela satisfação de vê-los encarando essa experiência.
Se a migração é definitiva ou não só o tempo dirá, mas com certeza ir "para o estrangeiro" sem suporte e meio às cegas é um desafio por si só.

O fato deles terem encarado enfrentar esse medo com um filho pequeno e tendo o maridão praticamente que largar um emprego já é um feito em si, e sim, todos temos angústias perante o desconhecido e à saída da zona de conforto.

Fico feliz e esperançoso quando me deparo com pessoas que, mesmo que pouco, largam o status quo para abraçar o desconhecido, que no final, nunca é tão desconhecido assim.

Esperançoso em alguns elementos da espécie humana, ainda que pouquíssimos, que se lançam por outros ares além da linearidade da vida classe média e da simples ideologia do trabalho e acúmulo.
Feliz pela realização dos amigos, torcendo - mesmo que, como todo cético, saiba da nulidade de torcer - para que eles encontrem a realização e a serenidade.

Realização que não necessariamente seja a financeira (e creio que de fato não o é para ninguém), e sim a felicidade íntima e tranquila de quem cresce seus horizontes sem a necessidade de postar nessa ou naquela rede social as fotinhos de casal de comercial de margarina, cuja felicidade só existe no Facebook.

Fico extremamente feliz quando alguém, em especial do meu círculo de amigos, faz algo surpreendente, e quando digo isso, não me refiro a comprar uma Ferrari ou viajar para Marte, mas sim quando se deslocam, mesmo que pouco, do eixo da mediocridade massiva que permeia a humanidade.

Abrir mão é para poucos.
Largar a zona de conforto é para poucos.
Questionar ideologias é para poucos.

A real felicidade, que está longe do Instagram e congêneres, é para poucos, e nada tem a ver com sorrisos brancos, roupas caras e carros de luxo, ela está no íntimo e gera serenidade e não euforia ou deslumbre, afinal, a propaganda sempre quer nos vender algo, ou seja, mentir.

Claro que não é necessário escapar ao senso comum com uma migração, a maior viagem é interior. Questionar valores empedernidos, ou melhor, questionar nosso próprio senso de valores é um bom começo.

Espero não estar fantasiando a respeito de ninguém, mas o que importa é que agora eu estou feliz por eles.




domingo, 13 de abril de 2014

Eco-bobagens parte 3 - O retorno

Já passei pela primeira e segunda parte sem cansar de me divertir.

O Leroy Merlin vende eucalipto tratado em autoclave por R$ 60,00 a peça de 3 metros por 12cm de diâmetro.
Uma viga de garapeira bruta de 5 x 11cm que é mais ou menos o equivalente em resistência custa em torno de R$ 48,00 a mesma metragem.

O processo de autoclave exige energia e produtos químicos, já a garapeira dispensa esse pré-tratamento.

Mais uma vez você acha que comprando o green eucalipto estará 'ajudando o planeta' ou ajudando as corporações e seus gananciosos acionistas?

Além do mais, uma tora de eucalipto sem tratamento deve custar uns R$ 5,00 (preço de varejo). Sinceramente você acha que o tratamento em autoclave justifica uma 'pequena' margem de 1200%*?

Isso ainda é capitalismo???


*nota para desdobrar o raciocínio:

Sinceramente você acredita que a cadeia produtiva justifica isso?

O Leroy compra direto do produtor e a carga triubutária (o único meio que o estado tem de retirar dinheiro desses tubarões) nem de longe chega a 10% dessa insanidade.

No mais, já tendo sido um empresário e abandonado por absoluto desgosto das práticas utilizadas no meio (negociatas de caráter discutível, sonegação, lavagem de dinheiro, trust, exploração do trabalhador e por aí vai - Cisco, Alston e Siemens podem ser colocadas como pequenos exemplos desse mundo), sei muito bem que os preços de venda são feitos de modo "nada acadêmico", no sentido de que os conhecimentos administrativos e econômicos são jogados pela janela quando se coloca o preço que se quer a algo.

Ainda mantendo um pé no desenvolvimento de software principalmente para indústria e comércio, e isso ainda é o que continuo vendo. Um conjunto de ações desprezíveis baseados em uma ideologia do lucro a qualquer custo e as alegações tradicionais do mercado (que é um Deus ao qual temos que obedecer): "não pago pouco ao meu funcionário, é a média de mercado"; "minha margem é alta por causa dos tributos e do mercado";

Sei de industriais (não posso citar nomes apesar do meu perfil quase fake), que apesar de concorrentes entre si combinam vender até n% sem impostos, trocam informações sobre métodos de importação "esquisitos", etc.

Conheço - e não é boataria - casas noturnas enormes com laranjas como donos, cuja função é lavar dinheiro de sonegadores e corruptos.
Você nunca achou estranho algumas lojas em locais nobres que quase nunca alguém compra algo?
Já parou para observar dia após dia esses lugares bizarros que persistem em existir?

Viver à margem disso, ou seja, catando algumas sobras desse sistema até desculpo, mas não consigo ficar simpático a quem defende essa ideologia sem nenhum questionamento. Ou é a mais pura burrice (coisa que supostamente não existe) ou a ganância e a má índole reside nessas 'boas' pessoas.