quarta-feira, 4 de novembro de 2015

Chuchu e o câncer

Pesquisadores concluem que o consumo regular de chuchu reduz em 328,19% o risco de câncer no catso.

Ok, você já leu um zilhão de notícias e "pesquisas" desse tipo e todos a nossa volta continuam morrendo de câncer, AIDS, pneumonia, chilique, treco e troço.

Não aguento mais ler essas asneiras.
Aguento menos ainda quando os 'crédulos religiosos orgânicos e naturebas' condenam alguém por tomar uma tubaína.

Mesmo em ciência existe ceticismo, aliás, principalmente nela.
E não ser um cético de oportunidade que duvida de um carro novo pela metade do preço mas não que lamber jiló na lua cheia cura espinhela caída.

Quem escreveu tal artigo?
Quem foi o instituto por trás da pesquisa?
Quem financiou o estudo?
Como os dados foram coletados?
Quais os critérios usados na tal "pesquisa"?

Essas são só algumas perguntas iniciais que geralmente já colocam sob suspeita uma série de abobrinhas a cerca de algo que "faz bem a saúde" ou que "aumenta a probabilidade do desenvolvimento de câncer no dedo mindinho". As abobrinhas também são suspeitas.

Sou um defensor da agricultura orgânica e familiar bem como altamente relutante no uso dos transgênicos, eu diria quase contrário a existência deles visto que são dispensáveis, mas nem por isso satanizo o consumo de uma porcaria de vez em quando.
Em tempo: minha defesa desses temas diz mais respeito a questões sociais do que propriamente a crendices alimentares.

A alimentação é repleta de dogmas e quase todas as afirmações a respeito dela são baseadas em fé.
Nunca vi um braço amputado crescer novamente nem com alopatia nem com ervas e "comida saudável". Milagres infelizmente não existem.
E dentro do largo espectro da especulação e da estatística, o consumo regular de repolho pode ser tão bom para as pedras nos rins quanto linguiça é para os testículos.

Um mar de pessoas estressadas, ansiosas, completamente sedentárias e vivendo uma vida completamente fictícia num mundo inóspito passa os dias  comendo alface orgânica e tomando água do degelo do Everest e continua com hipertensão, diabetes e colesterol alto.

Claro, a culpada é sempre a picanha. Ish, com sal então... joguemos água benta, entoemos mantras e tomemos os sucos detox.

Os inuítes que não comem salada e se entopem de gordura de foca devem achar bastante engraçado nossas crendices. Além de serem biologicamente iguais a nós não há epidemias de hipertensão e diabetes entre eles.

Sem bom senso e racionalidade toda afirmação parece saída da bíblia, do "Sítio do pica-pau amarelo" ou qualquer outro conto da carochinha.



O Ônus do CeticismoCarl Sagan

eja uma armação. Talvez seja algo que esteja acontecendo com oseu sistema que você não foi suficientemente inteligente paradescobrir. Em vez disso, você chamaria cientistas em um monte deoutros radiotelescópios e diria que neste ponto específico do céu,nesta freqüência e filtro e em modulação e em todo o resto, pareceque você detecta uma coisa estranha. Poderiam dar uma olhada ever se acham alguma coisa parecida? E somente se diversosobservadores independentes conseguem o mesmo tipo dainformação do mesmo ponto no céu você pensa que tem algumacoisa. Ainda assim, você não sabe se aquela coisa é umainteligência extraterrestre, mas pelo menos você determinou quenão é algo na Terra. (e que também não está na órbita da Terra;está mais longe que isso.) Essa é a primeira seqüência de eventosque seriam necessários para estar certo de que você realmente teveum sinal de uma civilização extraterrestre.Note que há alguma disciplina envolvida. O ceticismo impõeum ônus. Você não pode sair gritando “homenzinhos verdes”porque vai parecer bem tolo, como aconteceu com os soviéticos e oCTA-102, quando no fim das contas for uma coisa bem diferente. Énecessário um cuidado especial quando há tanta coisa em jogo,como nesse caso. Nós não temos a obrigação de nos decidirmosantes de achar as evidências. Não tem problema não ter certeza.Freqüentemente me perguntam se acho que existeinteligência extraterrestre. Dou os argumentos padrão – há muitoslugares lá fora, e uso a palavra bilhões, e assim por diante. E aídigo que seria incrível para mim se não houver uma inteligênciaextraterrestre, mas naturalmente não há até agora nenhumaevidência forte a favor dela. E aí me perguntam, então, “é, mas oque acha de verdade?” E eu digo “acabei de dizer o que realmentepenso”. “Ok, mas o que a sua intuição diz?” Mas tento não pensarcom minha intuição. Não há problema em adiar o julgamento atéque a evidências cheguem.Depois que meu artigo “A Refinada Arte de DetectarMentiras” saiu na revista Parade (1 de fevereiro de 1987), elerecebeu, como você pode imaginar, muitas cartas. Sessenta e cincomilhões de pessoas lêem Parade. No artigo, dei uma longa lista dascoisas que afirmei serem “falácias demonstráveis ou presumíveis” –trinta ou quarenta itens. Pessoas que apoiavam todas aquelasidéias estavam igualmente ofendidas, portanto recebi montanhas decartas. Também dei um conjunto de instruções bem simples sobrecomo pensar sobre falácias – argumentos de autoridade não sãoválidos, cada etapa na cadeia de evidências tem que ser válida, eassim por diante. Muitas pessoas escreveram dizendo “você estáabsolutamente certo nas generalidades; infelizmente, isso não seaplica à minha doutrina particular”. Por exemplo, uma pessoaescreveu que a idéia de que a vida inteligente existe fora da terra éum exemplo excelente de falácia. Ele concluiu: “estou tão certodisso como de qualquer outra coisa em minha experiência. Não hánenhuma vida consciente em qualquer outra parte do universo. Ahumanidade retorna assim à sua justa posição como o centro douniverso”.Outra pessoa também concordou com todas as minhasgeneralidades, mas disse que, como um cético inveterado, fecheiminha mente à verdade. Mais notável é que tenha ignorado aevidência para uma Terra cuja idade seja de seis mil anos. Bem,não a ignorei; considerei a evidência apresentada e então a rejeitei.Há uma diferença, e esta é uma diferença, pode-se dizer, entrepreconceito e o “pós-conceito”. O preconceito faz um julgamentoantes de olhar os fatos. Pós-conceito faz o julgamento depois. Opreconceito é terrível, no sentido de que você comete injustiças eerros sérios. Pós-conceito não é terrível. É claro que você não podeser perfeito; você também comete erros. Mas é permissível fazerum julgamento depois de ter examinado as evidências. Em algunscírculos é até incentivado.Acredito que parte do que propele a ciência é a sede demaravilhamento. É uma emoção muito poderosa. Todas as criançasa sentem. Em uma sala de aula de primeira série todos a sentem;em uma sala de aula do último ano do ensino médio quase ninguéma sente, ou sequer a reconhece. Algo acontece entre essa primeirae última séries, e não é só a puberdade. Não somente as escolas ea mídia não ensinam muito ceticismo, mas também há poucoincentivo a esse sentimento arrebatador de maravilhamento.Ciência e pseudociência, ambos despertam esse sentimento.Popularizações pobres da ciência estabelecem um nicho ecológicopara a pseudociência.Se a ciência fosse explicada ao indivíduo médio de umamaneira acessível e emocionante, não haveria espaço para apseudociência. Mas há um tipo da Lei de Gresham [5] queestabelece que na cultura popular a ciência ruim tira o espaço daboa. E penso que a culpa disso é, em primeiro lugar, de nós nacomunidade científica por não fazer um trabalho melhor napopularização da ciência, e em segundo, a mídia, que é nessesentido quase uniformemente terrível. Todo jornal na América temuma coluna diária de astrologia. Quantos têm uma coluna ao menossemanal de astronomia? E acredito que também é culpa do sistemaeducacional. Nós não ensinamos como pensar. Esta é uma falhamuito séria que pode até, em um mundo equipado com 60.000armas nucleares, comprometer o futuro da humanidade.Afirmo que existe muito mais maravilha na ciência que napseudociência. E, além disso, independentemente do grau em queesse termo tem qualquer sentido, a ciência tem a virtude adicional,que não é pequena, de ser verdadeira. Notas:[1] O último teorema de Fermat já foi resolvido. E foi por humanos.[2] American Sign Language (Linguagem de Sinais Americana).[3] Cidade do interior da Califórnia.[4] Diatermia é a geração terapêutica de calor dentro do corpoatravés de correntes geradas por campos eletromagnéticos.[5] Lei de Gresham, princípio econômico de que moedas que têmvalor pleno em termos de metal precioso tendem a desaparecerquando circulam em um sistema monetário depreciado. De acordocom essa lei, as boas moedas são exportadas ou derretidas para secapitalizar o seu valor de mercado mais alto no câmbio estrangeiro

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